O que esperar desta semana? Dos mercados à economia – e outras coisas que precisa de saber

Os mercados parecem ter concluído que os bancos centrais estão se a tornar mais dovish e que a era dos grandes aumentos dos juros está a chegar ao fim. Discordamos e sinalizamos os riscos de que o BCE possa subir mais 75 pb e a Fed ter que aumentar as taxas acima de 5%. Os dados recebidos até agora sugerem que o espaço para desacelerar o ritmo dos ajustes nas taxas de juros permanece limitado, mesmo quando nos aproximamos das estimativas da taxa neutra. Na reunião de política monetária de outubro, o BCE enfatizou os progressos substanciais já alcançados na retirada da política acomodativa e os atrasos envolvidos na transmissão das medidas de aperto anteriores. Este foi um sinal claro de que o BCE estava a sugerir uma desaceleração no ritmo de aumentos de juros após dois aumentos consecutivos de 75 pb.

No entanto, não estamos convencidos de que o BCE irá aumentar a taxa em 50 pontos-base na reunião de política monetária de 15 de dezembro. Vários membros do Conselho do BCE enfatizaram a necessidade de elevar as taxas para território restritivo para conter a inflação, provavelmente significando níveis claramente acima de 2%.  É verdade que esses comentários antecederam a divulgação de números de inflação de novembro abaixo do esperado, a primeira surpresa negativa em mais de um ano e meio. No entanto, é improvável que um número de inflação acalme as preocupações de inflação do BCE, especialmente porque a inflação subjacente permaneceu nos 5% a/a. Além disso, a 10% a/a, a inflação permanece claramente acima do caminho que o BCE previu em setembro.

 

Esta semana

Hoje ficaremos a conhecer os números do PMI de serviços de novembro de vários países da Europa e da Zona Euro como um todo. Espera-se um valor igual ao de outubro nos 48,6 que não só é apenas um mínimo dos últimos 21 meses, mas também é o quarto mês consecutivo em que o PMI está abaixo do nível de 50 que separa a expansão da contração económica, sugerindo claramente um crescimento negativo do PIB. Ainda na hoje ficaremos a conhecer os dados do ISM não industriais nos EUA, referentes ao mês de novembro. Em outubro, o ISM de serviços caiu para 54,4 de 56,7 em setembro, e abaixo das previsões de mercado de 55,5, apontando para o crescimento mais lento no setor de serviços desde uma contração em maio de 2020. Para novembro, a leitura deverá ser ainda inferior.

Na terça-feira teremos a reunião do RBA. O Reserve Bank sinalizou que as taxas de juros serão empurradas para cima para mostrar aos australianos que o Banco está a levar a sério o controlo da inflação, à medida que crescem os sinais de que os compradores de casas pela primeira vez estão a sair do mercado imobiliário. O RBA espera que a inflação, que atingiu um máximo de 32 anos de 7,3% no trimestre de setembro, chegue a 8% até o final do ano. Em resposta, elevou rapidamente as taxas de juros, de 0,1% no início de maio para 2,85% em novembro.  Na sua última reunião do ano na terça-feira, o conselho do RBA deve aumentar a taxa em mais um quarto de ponto percentual, para 3,1%, o que seria o nível mais alto desde o final de 2012.

Na quarta-feira, dia 7 de dezembro, teremos a divulgação do PIB da zona euro. Em relação trimestre espera-se um ligeiro crescimento de 0,2%  mas em termos anuais deverá subir 2,1%.

Por último, na sexta-feira teremos os dados do IPP nos EUA como também dos dados apurados pela Universidade de Michigan, nomeadamente o sentimento do consumidor e as perspetivas de inflação a 1 e a 5 anos.

 

Divulgação de resultados em Wall Street

Na semana que vem entramos na última semana de divulgação de resultados respeitantes ao terceiro trimestre de 2022, não havendo no entanto nenhuma empresa importante a apresentar resultados, pelo que o impacto no mercado deverá ser limitado.

 

Nuno Mello
Analista XTB

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