“O meu filho vendeu os dados da sua íris por 100 euros em criptomoedas”. Jovens estão a ceder dados biométricos em centros comerciais
São vários os jovens que estão a vender dados biométricos, especificamente as íris oculares, em troca de criptomoedas. Isto faz parte de uma iniciativa promovida pela empresa Worldcoin, liderada por Sam Altman, fundador do ChatGPT, que tem chamado a atenção pela sua abordagem futurista e impacto potencial na segurança e privacidade dos dados dos participantes.
Em diversos centros comerciais na Península Ibérica, jovens têm sido abordados por representantes da Worldcoin. Sob o lema “A economia mundial pertence a todos”, eles oferecem a oportunidade de “vender” as suas íris em troca de cerca de 10 ‘worldcoins’, a moeda virtual criada pela empresa. Com a taxa de câmbio atual, isso equivale a aproximadamente 60 euros.
Apesar da atratividade financeira imediata, essa prática levanta sérias preocupações sobre privacidade e segurança de dados, nomeadamente para a Agência Espanhola de Proteção de Dados (AEPD) que está a investigar quatro reclamações sobre o assunto, destacando a sensibilidade dos dados biométricos e os riscos envolvidos na sua transferência e armazenamento.
“O meu filho vendeu a sua íris por 100 euros em criptomoedas que trocou num caixa eletrónico de Bitcoin. Ele tem 15 anos”, relatou uma mãe espanhola na rede social X, num post que entretanto foi apagado.
Em países como França e Reino Unido, reguladores já tomaram medidas para bloquear iniciativas semelhantes, mas a Worldcoin afirma ter implantado mais de 2 mil dispositivos, chamados Orbs, em 36 países. Esses dispositivos, que fazem leitura da íris humana para identificação, são considerados pela empresa como o método mais confiável para verificar a identidade de um indivíduo.
O debate em torno dessa prática controversa destaca a crescente importância da proteção de dados pessoais num mundo cada vez mais digitalizado e a necessidade de regulamentações robustas para garantir a segurança e privacidade dos indivíduos.