O lado bom das alterações climáticas está… no copo: Aquecimento global melhora qualidade dos vinhos, revela novo estudo

As alterações climáticas estão a ter efeitos devastadores em todo o mundo, como se tem verificado nos últimos anos: inundações, cheias, tempestades, tufões, ondas de calor, vagas de incêndios, deslizamentos de terras e não só têm representado destruição, como também mortes, representando já mais de 5 milhões de mortes atribuídas aos efeitos das mudanças no clima. No entanto, parece haver um aspeto positivo no meio de um futuro assim não tão distante que nos espera.

Segundo um estudo de investigadores da Universidade de Oxford, o aquecimento global está a melhorar a qualidade dos vinhos. Os cientistas analisaram as avaliações de vinhos da região vinícola de Bordéus dos últimos 50 anos, e as conclusões apontam que verões mais quentes e invernos mais húmidos resultam em vinhos com melhores vinhos ‘vintage’.

Os especialistas adiantam que estas condições verificadas têm tendência a tornar-se mais frequentes, devido às alterações climáticas.

Por outro lado, o nível de álcool dos vinhos tem também subido.

“Geralmente, estamos a ver uma tendência em todo o mundo que, com um clima cada vez mais quente, os vinhos estão também a ficar mais fortes”, indica Andrew Wood, autor do estudo, citado pelo Daily Mail.

Os investigadores compararam as avaliações de vinhos entre 1950 e 2020 com os padrões climáticos verificados, de forma a testar se a qualidade de um vinho era impactada por fatores como a dimensão das estações do ano, temperatura e precipitação. No geral, os resultados revelaram que a qualidade dos vinhos tendeu a melhorar entre os anos analisados.

Os investigadores apontam que os fatores que explicam o incremento de qualidade serão o clima mais quente e também o aumento do uso de tecnologia, que foi também avançando.

“A tendência, seja levada pelas preferências dos enólogos e críticos, ou da população em geral, é que as pessoas geralmente preferem vinhos mais fortes, que envelheceram mais tempo, mais encorpados e com sabores e doçura mais intensos, com menos acidez”, sustenta Wood.

Os investigadores de Oxford verificaram também que as condições meteorológicas afetam a qualidade do vinho ao longo do ano, e não apenas durante a época de crescimento das uvas.

Em geral, de acordo com as conclusões, vinhos de alta qualidade estavam associados a invernos mais frios e mais húmidos, primaveras mais quentes e com chuva, verões quentes e secos e outonos mais frios e secos. As alterações climáticas, assinalam os autores do estudo, estão a causar este tipo de padrão em Bordéus, o que sugere que, se as temperaturas continuarem a subir, também a qualidade dos vinhos melhorará.

Mas o modelo não é infinito: só se verifica enquanto a água não for limitada. “O problema nestes cenários em que fica muito calor, é a água: de as plantas não tiverem o suficiente, eventualmente morrem, e aí corre-se risco de perder tudo. Mas o consenso é que os vinhos continuarão a ficar melhores, até chegar ao ponto em que as colheitas começarão a falhar”.

Os investigadores esperam agora estudar outras regiões vitivinícolas do mundo, para ver se as mesmas conclusões se aplicam.

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