“O desacelerar da inflação é positivo” mas “os preços deverão continuar a subir”, sublinha analista da ActivTrades

A taxa de inflação em Portugal terá descido para 9,9 por cento em novembro, segundo a estimativa divulgada, esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Os valores ainda serão confirmados e, embora os preços continuem a subir a inflação baixou, já que em outubro estava nos 10,1 por cento.

Neste contexto, a ‘Executive Digest’ questionou o analista Ricardo Evangelista da corretora ActivTrades sobre o tema, que sublinhou que apesar deste ser um cenário “positivo”, não terá impacto nos preços que continuarão a subir exceto nos setores energia e combustíveis.

 

De que forma este desacelerar da inflação afeta os portugueses?

O desacelerar da inflação é positivo. No entanto, nos próximos tempos os preços deverão continuar a subir, ainda que a um ritmo mais lento. Por outro lado, as taxas de juro ainda deverão subir um pouco mais.

 

Em que é que esta descida da inflação altera o comportamento dos investidores no futuro próximo?

É uma descida pouco significativa, que se deveu a uma queda nos custos da energia. Penso que a estratégia do BCE, que passa por aumentar as taxas de juro para controlar a subida dos preços, se irá manter pelo menos até março do próximo ano. Por estes motivos, não antevejo um impacto significativo no comportamento dos investidores nos próximos tempos.

 

Como é que a descida da inflação afeta os depósitos bancários dos portugueses e a sua capacidade de poupança?

O abrandamento da subida da inflação foi pouco significativo e deveu-se a uma queda no preço da energia. Penso que a estratégia do BCE se irá manter, por isso as taxas de juro continuarão a subir pelo menos até ao final do primeiro trimestre de 2023. Face a este cenário as famílias terão mais incentivo para poupar, já que se espera que a remuneração oferecida pelas contas a prazo continue a subir.

 

Podemos esperar uma baixa de preços?

Por agora penso que não, excluindo talvez o setor da energia e combustíveis.

 

O pico da inflação já foi ultrapassado?

Neste momento coexistem visões opostas. Há quem ache que sim, e outros que pensam que ainda não chegámos lá. A ligeira queda da inflação verificada em novembro deveu-se sobretudo a uma diminuição inesperada nos custos da energia. Este fenómeno foi um efeito colateral da situação na China, onde a política do Covid-zero fez baixar as expetativas de consumo de energia, levando a uma queda dos preços nos mercados internacionais. Nada garante que este cenário se continue a verificar, e os custos energéticos poderão voltar a subir.

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