Nuno Artur Silva vende participação na Produções Fictícias ao sobrinho
O indigitado secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, já não tem participação na Produções Fictícias, que é proprietária do Canal Q. André Caldeira e Michelle Costa Adrião, que gerem a produtora desde 2015, são os novos proprietários da empresa. E, segundo apurou o “Público”, André Caldeira é sobrinho de Nuno Artur Silva, não havendo qualquer incompatibilidade legal.
«A empresa [foi vendida] às pessoas que a geriram nos últimos anos», disse à “TSF”, referindo que se tratariam das mesmas pessoas que geriram a empresa desde que, em 2015, assumiu funções como membro do conselho de administração da estação pública com o pelouro dos conteúdos.
Após três anos na administração da RTP, entre 2015 e 2018, recorde-se que Nuno Artur Silva abandonou a gestão do canal. A Comissão de Trabalhadores e do Conselho Geral Independente da RTP terá suscitado um possível conflito de interesses, porque Artur Silva comprometera-se a vender a participação na empresa e não o fez.
No dia em que foi tornado público que iria tutelar a nova Secretaria de Estado, Nuno Artur Silva manifestara ao “Público” a intenção de vender a sua participação na empresa que fundou em 1993. Contudo, para já, não são conhecidos os valores da venda.
Com a venda das suas acções, Nuno Artur Silva tenta evitar nova atenção mediática. Mas ao abrigo das novas regras da transparência para detentores de altos cargos públicos, sobrinhos, irmãos, primos, sogros, genros ou noras de detentores de cargos políticos não estão abrangidos por quaisquer restrições na participação em contratos ou concursos públicos.
No website das Produções Fictícias, André Caldeira é apresentado como responsável pela direcção geral da produtora e Michelle Adrião como a responsável pela direcção financeira.
A tomada de posse do novo Governo liderado por António Costa está marcada para as 10:30 de sábado, dia 26 de Outubro.