Nuclear? Irão promete reagir em conformidade a resolução ocidental

O Irão advertiu hoje que irá reagir “em conformidade e de forma apropriada” a uma resolução apresentada por países europeus e pelos Estados Unidos a condenar a falta de cooperação iraniana na questão nuclear.

A Alemanha, França, Reino Unido e os Estados Unidos submeteram na terça-feira à noite uma resolução ao Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) a criticar o Irão.

Se estes países “ignorarem a boa vontade do Irão (…) e colocarem medidas não construtivas na ordem de trabalhos da reunião do Conselho de Governadores através de uma resolução, o Irão reagirá em conformidade e de forma apropriada”, disse o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi.

O ministro iraniano fez a advertência durante uma conversa telefónica com o chefe da AIEA, Rafael Grossi, segundo a agência oficial iraniana Irna, citada pela agência francesa AFP.

Araghchi também falou nas últimas horas com o homólogo francês, Jean-Noel Barrot, com quem discutiu os últimos desenvolvimentos na região do Médio Oriente e a quem disse que o projeto de resolução apresentado à AIEA “só irá complicar as coisas”.

“Condeno veementemente a decisão da Alemanha, da França e do Reino Unido de apresentarem uma resolução (…) a criticar o programa nuclear iraniano”, disse Araghchi, segundo a agência espanhola Europa Press.

“Declaro que esta iniciativa constitui uma clara oposição à atmosfera positiva criada nas interações entre o Irão e a AIEA”, acrescentou.

No projeto de resolução, consultado pela AFP, os países proponentes reafirmam ser “essencial e urgente” que o Irão forneça “respostas técnicas credíveis” relativamente à presença de vestígios de urânio em dois locais não declarados perto de Teerão, Turquzabad e Varamin.

O Irão assegura que o seu programa nuclear é exclusivamente pacífico, mas o Ocidente argumenta que não existe uma justificação civil credível para a escala das ambições atómicas iranianas.

Teerão abrandou ligeiramente a produção de urânio com 60% de pureza, próximo do nível de uso militar de 90%, mas continuou a acumulá-lo e tem agora 182,3 quilogramas, disse a AIEA.

Num relatório citado na terça-feira pela agência de notícias espanhola EFE, a AIEA refere que o abrandamento não parece ser acidental e sugere que o Irão iniciou os preparativos para parar o enriquecimento daquele material.

Contudo, a AIEA mostra-se preocupada com o facto de o Irão prosseguir o programa de produção de urânio altamente enriquecido e recorda que se trata do “único Estado não detentor de armas nucleares a fazê-lo”.

A produção de urânio purificado viola o acordo assinado em 2015 com seis potências mundiais (Estados Unidos, Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia) para reduzir o programa nuclear do Irão em troca do levantamento de determinadas sanções.

A República Islâmica começou a violar o acordo em 2019, em resposta à saída dos Estados Unidos do acordo no ano anterior, durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump (2017-2021).

Rafael Grossi reuniu-se na semana passada pela primeira vez com o Governo saído das eleições realizadas no verão no Irão, país que tem dificultado a vigilância da AIEA do programa nuclear desde 2021.

De acordo com o Instituto para a Ciência e Segurança Internacional, o Irão tem atualmente a capacidade de enriquecer urânio para produzir uma arma nuclear num período de tempo muito curto.

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