Novos protestos em Espanha: Mais de 10 mil agricultores e 1500 tratores invadem hoje Madrid

Após várias semanas de relativa tranquilidade e protestos dispersos, a revolta no campo ganha força para regressar a Madrid este domingo.

A última grande manifestação de agricultores na capital ocorreu em 26 de fevereiro, convocada pela Asaja, COAG e UPA, as organizações sindicais agrárias que têm negociado soluções para o setor agrícola com o Governo.

No entanto, a primeira grande manifestação do campo em Madrid foi convocada pela Unión de Uniones em 21 de fevereiro, quando 4.000 agricultores e centenas de tratores bloquearam as principais ruas da capital.

Agora, é a mesma organização que não só aspira a repetir a mesma façanha, mas a superá-la. Segundo comunicado divulgado na passada quinta-feira, mais de 10.000 agricultores e criadores de gado, acompanhados de 1.500 tratores, entrarão em Madrid neste domingo. A organização também convida a população a juntar-se ao protesto.

O coordenador nacional da Unión de Uniones, Luis Cortés, afirmou em conferência de imprensa: “Se saímos à rua era porque a agricultura espanhola estava a ser prejudicada e estamos nas mesmas condições, por isso não há motivo para guardar os tratores e voltar para casa. O Ministério da Agricultura não está à altura, porque as 18 medidas que ofereceu são apenas remendos e não servem para aliviar os problemas que temos”.

A nova manifestação de tratores conta com a aprovação do Governo, afirmam os organizadores, e percorrerá Madrid sob o lema “Continuamos a ter motivos”, incentivando toda a sociedade a defender o trabalho dos agricultores e criadores de gado, e o direito de todos a uma alimentação saudável, de qualidade, segura e a preços acessíveis. “Aliás, cada vez temos mais motivos para protestar”, resume Cortés.

A concentração começará às 10h30 no Ministério da Transição Ecológica para iniciar oficialmente a marcha com os 1.500 tratores a partir das 11h, chegando por volta das 13h30 ao Ministério da Agricultura. Os tratores virão de Castela-La Mancha, Castela e Leão e Madrid.

Cortés explicou ao La Razón: “Não é aleatório o percurso escolhido, porque quem está a mandar na agricultura espanhola não é o ministro Planas, mas sim a ministra Ribera, que impõe medidas ambientais que não nos permitem produzir e não faz nada para que entre morangos com hepatite ou carne com clembuterol”.

As manifestações no campo não cessarão até que medidas concretas sejam tomadas, advertiu o representante da Unión de Uniones. “Os protestos continuarão até que Planas se sente com os verdadeiros representantes dos agricultores e não ofereça apenas remendos. É tal o grau de raiva dos agricultores que vamos continuar em protesto até que medidas concretas sejam tomadas”.

Cortés esclareceu que esta manifestação é convocada “exclusivamente” pela Unión de Uniones e não conta com o apoio de nenhuma outra plataforma ou organização. Ele criticou o facto de Planas continuar sem recebê-los para conhecer as suas reivindicações. “Propõe que as flexibilizações da PAC entrem em vigor em 2025 e nós queremos que seja já em 2024. Pedimos uma reforma imediata da PAC, não podemos ter uma política europeia que não é agrária, mas sim ambiental”, indicou.

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