Novos donos da Comporta vão construir casas para os trabalhadores
«Não é possível que três ou quatro mil pessoas que trabalhem naquela zona venham todos os dias de Lisboa ou de Évora», afirma José Botelho, director-geral da Vanguard, uma das novas proprietárias da Herdade da Comporta. Em entrevista ao Dinheiro Vivo, o responsável adianta que estão a comprar terrenos para alojar parte dos trabalhadores em Grândola e Alcácer do Sal: «A ideia é construir casas a preços competitivos para que os funcionários possam ali residir.»
José Botelho explica que estão a tentar antecipar problemas, mesmo que o negócio ainda não tenha sido totalmente fechado. A escritura estava prevista para o dia de hoje mas, afinal, só deverá acontecer em meados de Novembro. Além disso, há um recurso interposto por uma das empresas lesadas do BES e que visa anular o negócio.
Porém, o director-geral da Vanguard, não parece preocupado: «Tanto nós como a Amorim estamos prontos para avançar. Esta história começou a 4 de março do ano passado. Tem sido um processo bastante mais longo do que se previa e do que seria apropriado. Mas somos corredores de fundo, temos muita paciência e dispomos de meios que nos permitem esperar. A segurança jurídica é essencial.»
O projecto em cima da mesa envolve hotéis, condomínios privados, academias desportivas, estabelecimentos comerciais e de restauração. Tudo nos terrenos da herdade e no prazo de oito a 15 anos.
Além do desafio da habitação para os dois a quatro mil funcionários – que já está a ser tratado – José Botelho aponta para outro potencial problema. Na mesma entrevista, indica que o acesso às praias da Comporta não poderá ser feito de carro. «Estamos a discutir isso com as câmaras e com peritos nacionais e internacionais, é o grande trabalho que há a fazer. Já hoje a Comporta tem excesso de carros no Verão. As câmaras não vão permitir novos acessos nem o aumento dos parques», explica.
Recorde-se que a compra foi anunciada em Novembro do ano passado, com o consórcio Vanguard/Amorim como protagonista. Na altura, 158 milhões de euros foi o valor avançado para a operação.