Novo símbolo do Governo sem esfera armilar abre guerra política à direita e dá mote à pré-campanha eleitoral

A mudança para o novo símbolo institucional do Governo de Portugal, que gerou grande polémica aquando da sua apresentação, continua a dar que falar e está a abrir uma verdadeira guerra política, com muitas críticas dos partidos à direita.

Luís Montenegro, Presidente do PSD, considerou a medida do Governo socialista como “política de plástico e prometeu que, caso venha a liderar um Governo após as eleições do ano que vem, “deixaremos de usar o novo símbolo”. “No nosso projeto não fazemos sucumbir as nossas referências históricas e identitárias a uma ideia de sofisticação”, afirmou recentemente o social-democrata.

“O símbolo de Portugal passou a ser a bandeira de Itália com um ovo estrelado no meio”, critica ao Correio da Manhã António Nogueira Leite, antigo membro do Conselho Nacional do PSD.

o símbolo que outrora era muito semelhante à Bandeira nacional, e tinha esfera armilar no centro, agora surge muito diferente. As cores dominantes continuam a ser o verde e o vermelho, mas a esfera armilar, e o escudo com os sete castelos e as cinco quinas, cada uma com as cinco chagas de Cristo, já não fazem parte.

Em vez disso, passou a ser um círculo amarelo entre dois retângulos, um verde e outro vermelho.

“É o achincalhar da nossa História. Qual é o problema dos castelos? Qual é o problema da referência às chagas de Cristo? É a nossa matriz cristã!”, lamentou ANdré Ventura, do Chega, sobre o mesmo tema.

Já Nuno Melo, líder do CDS-PP, considerou “ridículo e criminoso” o novo símbolo escolhido.

Entretanto foram também criadas duas petições contra a adoção do novo símbolo, que contam, no total, com mais de 22 mil assinaturas, sendo que os autores recordam o Artigo 332.º do Código Penal que estabelece que quem “ultrajar a República, a bandeira ou o hino nacional, as armas ou emblemas da soberania portuguesa, ou faltar ao respeito que lhes é devido” é punido com pena de prisão até dois anos ou multa até 240 dias.

O projeto da nova imagem do Governo foi desenvolvido pelo Studio Eduardo Aires, liderado pelo designer Eduardo Aires, professor do Departamento de Design da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, tendo o contrato estipulado um máximo de 74 mil euros pela prestação de serviços.

“É um símbolo novo e distinto, representativo do Governo da República Portuguesa, que responde de forma mais eficaz aos novos contextos, determinados pela sofisticação da comunicação digital dinâmica e por uma consciência ecológica reforçada”, diz o Governo no manual de aplicação da nova identidade visual.

A nova imagem é definida como “também inclusiva, plural e laica”, recusando o Governo que seja “um redesenho da bandeira instaurada pela revolução de 5 de outubro de 1910”.

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