Novo comissário europeu da defesa alerta para necessidade de reforço de investimento em 10 mil milhões de euros contra ameaças de Putin

Andrius Kubilius, ex-primeiro-ministro lituano e indicado para o cargo de comissário da União Europeia (UE) para a Defesa e o Espaço, defendeu um aumento expressivo nos investimentos de defesa na Europa, alertando para a necessidade urgente de garantir a segurança do continente face às ameaças do presidente russo, Vladimir Putin. Kubilius dirigiu-se aos eurodeputados durante a sua audiência de confirmação na quarta-feira, sublinhando que o reforço da capacidade de defesa europeia é essencial, não devido aos desenvolvimentos políticos nos Estados Unidos, mas sobretudo devido ao comportamento de Moscovo.

Kubilius destacou que, para que a Europa possa garantir a sua segurança de forma independente, é necessário investir “pelo menos 10 mil milhões de euros até 2028”. Contudo, o ex-primeiro-ministro da Lituânia frisou que o investimento necessário é muito mais amplo. Nos próximos dez anos, estima-se que a UE terá de investir cerca de 200 mil milhões de euros para melhorar a sua infraestrutura militar, de forma a assegurar a rápida mobilização de tropas e equipamentos entre os Estados-membros. Além disso, seria necessário um investimento de 500 mil milhões de euros para a construção de um sistema de defesa aérea europeu.

Durante a sua intervenção, Kubilius enfatizou que o aumento de gastos militares “não é uma exigência do presidente Trump, mas sim uma necessidade imposta pela ameaça de Putin”, sublinhando que a prioridade é convencer o Kremlin de que a UE é capaz de se defender eficazmente.

Apesar do apelo ao aumento dos investimentos na defesa, Kubilius salientou que vários membros da NATO ainda não cumprem o compromisso de destinar 2% do seu PIB à área de defesa, como estabelecido pela aliança militar. Actualmente, apenas 16 dos 23 membros da NATO atingem esta meta, o que limita a capacidade de resposta conjunta. O mercado de defesa na Europa permanece fortemente fragmentado, uma questão que o novo comissário considera essencial ultrapassar para assegurar um reforço uniforme das capacidades militares dos países europeus.

Para se manter competitiva no cenário global, especialmente em comparação com potências como os Estados Unidos e a China, a Comissão Europeia estima que a UE terá de investir cerca de 50 mil milhões de euros anuais durante a próxima década nas áreas de defesa e espaço. Kubilius reforçou que, se todos os Estados-membros da UE atingissem a meta de 2% do PIB, poderiam ser arrecadados até 60 mil milhões de euros adicionais por ano. No entanto, o comissário enfatizou que, do seu ponto de vista, o valor necessário ultrapassa este mínimo, embora reconheça que a discussão sobre o montante exato deve ser feita no âmbito da NATO.

Kubilius evitou comentar sobre a possibilidade de utilizar euro-obrigações para financiar os investimentos de defesa, mas sublinhou que um aumento no próximo orçamento plurianual da UE será crucial para sustentar o plano ambicioso de defesa europeia. “Sem segurança e defesa, não haverá nada – nem prosperidade, nem competitividade,” afirmou, concluindo que a estabilidade europeia depende essencialmente da capacidade de resposta às ameaças.

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