Novo aeroporto: Estudo do Técnico aponta falhas ao relatório da comissão independente e diz que opções foram enviesadas

Um estudo do Instituto Superior Técnico (IST) aponta várias falhas ao relatório preliminar da comissão técnica independente (CTI) que indicou e analisou as opções estratégicas para aumentar a capacidade aeroportuária da região de Lisboa. A análise consta da pronúncia apresentada pelo consórcio Magellan 500 (que defende a solução do aeroporto em Santarém), depois da consulta pública do documento, que terminou na semana passada.

Segundo o documento, a que o Jornal de Negócios teve acesso, são apontados problemas de assimetria na análise feita pela CTI, falhas metodológicas e vantagem dada à localização de Alcochete.

A análise é feita pela Fundec e pela VTM, organizações ligadas ao Técnico, e critica, na comparação entre as opções Santarém e Alcochete, não avaliar o primeiro caso como uma hipótese com ligação de alta velocidade, “em contraste com as outras três alternativas analisadas”, e também o facto de ter sido tida em conta “a hipótese de o campo de tiro de Alcochete ser servido primeiro que a cidade de Lisboa, seguramente com a construção da quarta travessia do Tejo”.

Também são apontadas críticas aos tempos de viagem em transporte individual calculados no relatório da CTI, que é acusada de, nesse sentido “favorecer indevidamente” a opção de Alcochete.

É pedido que a comissão, liderada por Rosário Partidário, professora do IST, reveja o relatório, de forma a produzir uma nova versão que inclua “uma avaliação equitativa e imparcial”, para afastar suspeitas “sobre a integridade da base de análise” e ajudar a tomar uma “decisão crucial”.

“Pode mesmo considerar-se que houve assimetria de análise por parte da CTI ao admitir no caso da localização Alcochete uma quarta travessia do Tejo”, considera o estudo do IST, que indica que, em termos de ligação de alta velocidade, “qualquer das soluções previstas para Alcochete seriam até mais dispendiosas do que as indiciadas para Santarém”.

Já quanto a tempos de deslocação em carro, explica a análise que o “tempo médio de viagem entre a Praça do Marquês de Pombal e a opção Alcochete apresenta discrepâncias significativas, conferindo uma vantagem a esta localização”, sublinhando que o tempo de viagem para esta opção não é de, em média, uma hora num dia típico, como aponta o relatório.

“Independentemente do motivo, o tempo verificado numa hora média do dia é significativamente superior ao tempo apresentado pela CTI, favorecendo indevidamente a opção Alcochete”, lê-se nas críticas ao relatório da CTI, que também destaca que a escolha das vias de acesso selecionadas e referidas no documento é “enviesada para a opção Santarém”, por negligenciar as autoestradas A9, A10 e A13 como alternativa A1.

A CTI, após receber os contributos decorrentes do período de consulta pública do relatório, já admitiu que poderá reavaliar algumas opções de solução para o novo aeroporto de Lisboa.

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