Novas ‘Tarifas Trump’ podem fazer disparar preços do iPhone em mais 285 euros

Se Donald Trump implementar tarifas abrangentes sobre produtos importados da China durante um possível segundo mandato, os preços do iPhone nos Estados Unidos poderão subir até 300 dólares (cerca de 285 euros), segundo estimativas de vários economistas. Este aumento, calculado por especialistas ouvidos pelo Washington Post, não afetaria, no entanto, os smartphones da Samsung, que são maioritariamente produzidos fora da China.

A proposta reflete a intenção do ex-presidente de ampliar as tarifas sobre produtos chineses, uma política iniciada na sua primeira administração e parcialmente mantida pelo governo Biden. Trump já sugeriu tarifas de 10% a 20% sobre todos os bens importados e taxas superiores a 60% especificamente para produtos chineses.

Durante o mandato de Trump, a Apple conseguiu escapar às tarifas sobre a maioria dos seus produtos graças à intervenção direta do CEO Tim Cook. Cook argumentou que tais taxas encareceriam dispositivos como iPhones, iPads e MacBooks, prejudicando a empresa e os consumidores. As autoridades da Casa Branca acataram o argumento, permitindo que os produtos da Apple fabricados na China não fossem taxados.

Outros itens, como bicicletas, máquinas de lavar e malas, não tiveram a mesma sorte e foram atingidos por tarifas mais altas. “A eletrónica de consumo foi definitivamente privilegiada”, afirmou ao mesmo jornal Mary E. Lovely, economista do Peterson Institute for International Economics, destacando a influência de Cook.

Porém, o cenário é incerto quanto ao mandato “Trump 2.0”. Caso as tarifas sejam implementadas, especialistas preveem que um iPhone de 1.000 dólares poderá sofrer um aumento de cerca de 300 dólares, refletindo o impacto direto das novas tarifas.

Enquanto a Apple se mantém altamente dependente das suas fábricas na China, a Samsung fabrica a maior parte dos seus dispositivos em países como a Coreia do Sul e o Vietname. Assim, os smartphones da Samsung provavelmente não sofreriam aumentos de preços significativos, colocando a Apple em desvantagem competitiva, caso as tarifas sejam aplicadas.

A empresa de Cupertino já tentou diversificar a sua produção, deslocando uma parte para o Vietname e a Índia, mas a sua relação com as fábricas chinesas continua crucial. “Não há outro lugar com capacidade suficiente para atender à demanda por todos esses dispositivos”, explicou Scott Lincicome, economista do Cato Institute.

Gary Shapiro, presidente da Consumer Technology Association, organização que inclui membros como a Apple e a Samsung, mostrou-se cautelosamente otimista sobre o futuro. “Acredito que Trump seja pragmático e ouça os fabricantes novamente, como fez no passado”, disse Shapiro, acrescentando que as tarifas anteriores já obrigaram algumas empresas a deslocarem parte da produção para outros países.

Para alguns analistas, as ameaças de Trump são uma estratégia de negociação. “Os empresários acreditam que ele não aplicará todas as tarifas mencionadas”, afirmou Shapiro ao Washington Post.

No entanto, economistas alertam para o efeito inevitável das tarifas nos preços ao consumidor. Alan Deardorff, professor emérito da Universidade de Michigan especializado em comércio internacional, destacou: “As pessoas sentem o impacto das tarifas quando são introduzidas, mas acabam por se habituar. Contudo, com uma tarifa de 60%, será impossível não notar.”

Com cerca de 130 milhões de smartphones vendidos anualmente nos EUA, a imposição de tarifas mais elevadas poderá alterar drasticamente o mercado de tecnologia, com possíveis implicações globais. Num cenário de dependência tecnológica cada vez maior, o custo adicional para o consumidor americano poderá se transformar em uma questão central do próximo governo.

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