Nem a subida dos preços trava procura: russos esvaziam antidepressivos nas farmácias no terceiro ano de guerra com a Ucrânia

Em 2024, no terceiro ano da guerra na Ucrânia, os russos compraram quase 17% mais antidepressivos do que no ano anterior e ultrapassaram mesmo os níveis recorde de 2022, ano em que eclodiu a guerra, o que trouxe escassez às farmácias.

De acordo com o jornal russo ‘Kommersant’, nos primeiros dias de 2025 foi registado um défice significativo de comprimidos Zoloft, da empresa farmacêutica Viatris, cujo princípio ativo é a sertralina, um dos antidepressivos mais populares.

Segundo dados da empresa analítica ‘DSM Group’, entre janeiro e novembro de 2024, as vendas de antidepressivos subiram para 16,1 milhões de embalagens, mais 16,8% do que em igual período do ano anterior.

O Centro para o Desenvolvimento de Tecnologias Avançadas informou, por sua vez, que a procura por antidepressivos em 2024, quando a sociedade russa começa a apresentar sintomas de fadiga agravada pela incursão ucraniana na região de Kursk, o assédio aos drones ucranianos e os ataques com mísseis ATACMS americanos, sofreu um aumento de 22% em relação ao ano anterior.

Este crescimento nem sequer foi abrandado pela subida dos preços, 11% superiores aos de 2023, acima do nível médio anual de inflação de 9,5%.

Assim, os russos pagaram até 13,5 mil milhões de rublos (cerca de 141 milhões de euros) por estes medicamentos, mais 31,9% do que em 2023.

As vendas de antidepressivos na Rússia dispararam em março de 2022, logo após o início da guerra: nos primeiros dias do conflito (de 28 de fevereiro a 6 de março) as vendas quadruplicaram. Já nos primeiros meses de 2022, os russos gastaram 70% mais dinheiro do que no mesmo período do ano anterior.