Navio com ligações à Rússia é travado com carga nuclear em porto da NATO

Um navio de carga, o Atlantic Navigator II, com bandeira das Ilhas Marshall e com 193 metros de comprimento, que partiu de São Petersburgo, Rússia, com destino aos Estados Unidos, encontra-se retido no porto de Rostock, o maior porto do Báltico na Alemanha, há várias semanas.

A embarcação foi travada pelas autoridades alemãs após ter sido descoberto que transportava material sancionado russo, incluindo urânio enriquecido e madeira, informou o jornal alemão Ostsee Zeitung.

Segundo o jornal, o navio teve de atracar no porto de Rostock em 4 de março devido a danos no seu propulsor. Posteriormente, durante verificações realizadas para monitorizar o cumprimento das restrições ao comércio externo, no que respeita às sanções aplicadas a produtos russos, agentes aduaneiros alemães descobriram que o navio transportava mercadorias no valor de 40 milhões de euros (cerca de 43 milhões de dólares) que estavam sob sanções, incluindo madeira de bétula e urânio enriquecido destinado a centrais nucleares dos EUA.

A madeira provinha dos moinhos de um oligarca russo que consta na lista de sanções da União Europeia, conforme verificado pelas autoridades aduaneiras alemãs.

Recorde-se que a União Europeia impôs um embargo à madeira russa em resposta à decisão do Presidente Vladimir Putin de invadir a Ucrânia em fevereiro de 2022. As restrições entraram em vigor em julho de 2022, proibindo a importação de pellets, madeira e outros produtos deste material provenientes da Rússia.

Contrariamente à União Europeia, Washington ainda não sancionou o urânio ou a madeira russa. No entanto, em dezembro, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou um projeto de lei que proíbe a importação de urânio russo. Em 2022, cerca de 12% do urânio consumido pelas centrais nucleares americanas foi importado da Rússia.

Uma investigação foi lançada e o navio permanecerá no porto de Rostock até que haja progressos na mesma.

“Devido à presença de mercadorias sancionadas pela UE a bordo, o navio recebeu uma ordem de detenção por parte da alfândega. Assim, está proibida a sua saída do porto”, afirmou Falk Zachau, responsável pelo porto de Rostock, ao jornal.

“O carregamento do navio, tal como todas as mercadorias introduzidas na UE, está sujeito a supervisão aduaneira. No âmbito desta monitorização, verificamos particularmente o cumprimento das restrições ao comércio externo, incluindo sanções contra a Rússia. As investigações atuais estão ainda em curso”, esclareceu o gabinete aduaneiro que ordenou a detenção do navio.

O proprietário do navio já apresentou uma queixa contra a sua retenção.

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