Nave Starliner da Boeing regressa hoje à Terra… sem astronautas. Problemas no aparelho ditaram desfecho

Após mais de três meses em órbita, a cápsula Starliner da Boeing regressa hoje à Terra sem astronautas a bordo. Esta missão, que deveria ter durado pouco mais de uma semana, tornou-se um desafio contínuo para a Boeing e a NASA, após a deteção de problemas no sistema de propulsão da nave. Os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams, que inicialmente deveriam regressar com a Starliner, permanecem na Estação Espacial Internacional (EEI) e estão agora programados para regressar com a missão SpaceX Crew-9, em fevereiro de 2025.

A decisão de trazer a Starliner de volta sem tripulação foi controversa e envolveu longas discussões entre a NASA e a Boeing. “Eu diria que, sempre que há uma decisão desta natureza, há alguma tensão na sala”, afirmou Steve Stich, gestor do programa de tripulação comercial da NASA, durante uma teleconferência, na quarta-feira. A Boeing estava confiante no seu modelo de previsão da degradação dos propulsores, mas a NASA identificou limitações, levando à decisão de não colocar os astronautas a bordo da cápsula para o seu retorno.

O plano original da missão previa que os astronautas Wilmore e Williams fossem transportados até à EEI e regressassem à Terra na Starliner. No entanto, problemas persistentes nos propulsores da nave impediram que esta opção fosse considerada segura. A cápsula teve dificuldades durante a sua chegada à estação espacial, com cinco dos 28 propulsores do seu sistema de controlo de reação a falharem durante a manobra de acoplamento, realizada a 6 de junho. Desde então, foram realizados meses de testes e simulações tanto no espaço quanto em terra, mas a causa exata do problema – que pode estar relacionada com o sobreaquecimento dos propulsores e o possível desprendimento de isolamento que bloqueia as linhas de propulsão – não pôde ser completamente confirmada.

“A questão era se poderíamos ter confiança suficiente nos propulsores e na nossa capacidade de prever a sua degradação desde o desacoplamento até à queima de reentrada”, explicou Stich. A NASA acabou por concluir que o risco de usar a Starliner para o retorno dos astronautas era demasiado elevado, optando por uma alternativa segura.

Apesar dos problemas, a cápsula foi separada da EEI ontem e iniciará a sua descida controlada para a Terra hoje. Esta missão histórica, que começou a 5 de junho, deveria inicialmente durar apenas 10 dias, mas acabou por se prolongar devido à complexidade dos desafios técnicos enfrentados pela Boeing. Embora esta seja uma missão de teste crucial, o desenvolvimento da Starliner como uma alternativa à nave Crew Dragon da SpaceX foi marcado por contratempos, o que levantou preocupações sobre a fiabilidade da nave para futuras missões tripuladas.

Apesar das dificuldades, a Boeing continua a trabalhar com a NASA para resolver as questões técnicas e garantir que a Starliner esteja pronta para futuras missões. Enquanto isso, Wilmore e Williams permanecerão na EEI por um período prolongado, aguardando o seu regresso seguro a bordo de outra nave espacial.

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