Naufrágio na Sicília: Encontrados cinco cadáveres na embarcação. Autoridades identificam corpos do multimilionário Mike Lynch e da filha

As equipas de salvamento localizaram os corpos de Mike Lynch, magnata britânico da tecnologia de 59 anos, e da sua filha Hannah, de 18 anos, no interior do veleiro de luxo que naufragou ao largo da costa da Sicília. A imprensa italiana avançou a notícia na quarta-feira, após dias de buscas intensivas.

A embarcação afundou-se na madrugada de segunda-feira, e desde então, as operações de resgate têm sido complicadas devido às condições do mar e à profundidade a que se encontra o iate. Além dos corpos de Mike Lynch e da filha, foram localizados mais outros três corpos dentro da embarcação, elevando para seis o número total de vítimas mortais confirmadas até ao momento. Outros dois corpos, ainda não identificados, foram também já hoje retirados pelas autoridades, depois de, na segunda-feira, ter sido regatado o primeiro corpo de uma das vítimas mortais. O naufrágio foi provocado por uma tromba de água resultante de uma violenta tempestade, que surpreendeu a tripulação e os passageiros.

Segundo o Corriere della Sera, uma equipa de mergulhadores de Génova, que já havia sido mobilizada para o resgate no naufrágio do Costa Concordia em 2012, foi chamada para auxiliar nas buscas. O primeiro corpo recuperado foi o do cozinheiro Ricardo Thomas, encontrado na segunda-feira, sendo a primeira vítima mortal confirmada.

Ainda permanecem desaparecidos Jonathan Bloomer, presidente da Morgan Stanley International, a sua esposa Anne Elizabeth Judith Bloomer, e o advogado de Lynch, Chris Morvillo, juntamente com a sua esposa Nada Morvillo. A bordo do iate seguiam 12 passageiros e 10 membros da tripulação, dos quais 15 pessoas foram resgatadas com vida, incluindo uma criança de um ano.

De acordo com vários meios de comunicação britânicos, Mike Lynch, frequentemente apelidado de “Bill Gates britânico”, organizou este cruzeiro para celebrar com a família, amigos e advogados a sua recente absolvição num processo de fraude nos Estados Unidos, relacionado com a venda da sua empresa de software à Hewlett-Packard em 2011.

A esposa de Lynch, Angela Bacares, estava entre os resgatados, tendo sido salva nas primeiras horas de segunda-feira. As autoridades italianas continuam a investigar as circunstâncias do naufrágio, especialmente a rapidez com que o iate afundou, uma vez que normalmente uma embarcação deste tamanho e modernidade levaria muito mais tempo a soçobrar, mesmo sob condições adversas.

De acordo com Vincenzo Zagarola, um oficial da guarda-costeira, os ventos atingiram os 60 nós (mais de 110 km/h), uma força considerada como uma “tempestade violenta” na escala de Beaufort. A rapidez do afundamento foi tal que a tripulação não teve tempo de enviar um sinal de Mayday, sendo o primeiro indício de emergência o disparo de um foguete de sinalização de um dos botes salva-vidas.

Os sobreviventes descreveram o naufrágio como tendo ocorrido em questão de minutos. Charlotte Golunski, parceira na empresa fundada por Lynch, Invoke Capital, contou aos médicos que se lembrava de estar a dormir na cabine e de repente acordar na água com a sua filha pequena, Sophia. A rapidez e violência do acidente foram tais que Golunski comparou a experiência a “olhar a morte nos olhos”.

Enquanto os sobreviventes recebem apoio psicológico num hotel em Santa Flavia, as operações de busca prosseguem, com as autoridades a manterem a esperança de localizar os dois passageiros ainda desaparecidos. A investigação sobre o naufrágio continua, com o Ministério Público de Termini Imerese a colaborar com a guarda-costeira de Porticello para esclarecer as circunstâncias exatas do acidente.

O estaleiro italiano Perini Navi, responsável pela construção do iate Bayesian em 2008, não comentou o incidente. A empresa foi absorvida em 2022 pelo grupo italiano Sea Group, que também não se pronunciou sobre o caso.