Natureza é a chave da recuperação: estratégia ambiental pode gerar 10 biliões por ano
Um plano de recuperação da crise da Covid-19 aliado à natureza pode contribuir para a criação de 400 milhões de postos de trabalho e gerar 10 biliões de dólares em valor de negócio a cada ano até 2030, de acordo com um relatório publicado pelo Fórum Económico Mundial (WEF, na sigla em inglês) e citado pelo ‘The Guardian’.
O relatório alerta que, numa altura em que o mundo recupera da pandemia do novo coronavírus, o sector económico não é o mesmo do que antes, visto que a destruição da natureza ameaça actualmente mais da metade do PIB global.
O relatório, integrado no projecto ‘Nova Economia da Natureza’, publicado pelo WEF, refere que uma abordagem pioneira da natureza por parte de líderes empresariais e políticos será uma solução para a criação de emprego e recuperação financeira global.
«Não haverá empregos ou prosperidade económica num planeta morto», disse Alan Jope, executivo-chefe da Unilever e parceiro do WEF.
O WEF considera que existem três sectores responsáveis por colocar em risco 80% das espécies ameaçadas: alimentos e utilização da terra, infraestrutura e construção, energia e mineração. Contudo, também esses sectores são os que têm mais a ganhar com uma recuperação global liderada pela natureza.
«Estamos a alcançar pontos irreversíveis para a natureza e para o clima. Se os esforços de recuperação não tiverem em conta as grandes crises planetárias, vamos perder de forma irreversível a oportunidade de evitar um impacto maior. As decisões sobre como implementar pacotes de estímulo pós-crise da Covid-19, provavelmente vão moldar as sociedades e as economias durante décadas», pode ler-se no relatório.
Akanksha Khatri, director da Agenda de Ação da Natureza do WEF, disse: «A natureza pode oferecer os empregos que as nossas economias precisam. Não há nada que impeça empresas e governos de implementar esses planos actualmente, em grande escala, para voltar a empregar milhões de pessoas», disse citado pelo ‘The Guardian’.
O relatório propõe uma série de medidas para impulsionar empregos e economias, nomeadamente cortar o desperdício alimentar, gerir melhor a captura de peixes selvagens, que pode contribuir para adicionar 14 milhões de empregos e 170 mil milhões de dólares e acabar com os subsídios de dois mil milhões de dólares dados diariamente à agricultura, segundo o WEF.
«Estes gastos de dinheiro público estão realmente a criar efeitos nocivos para o bem estar público», disse Khatri. «Algo está significativamente errado no nosso sistema», acrescentou.
Jennifer Morris, directora da ‘The Nature Conservancy’, uma organização com sede nos EUA, disse: «A natureza simplesmente não se pode dar ao luxo de perder mais tempo. Nada disto será fácil (…) Mas o relatório do WEF destaca que é uma responsabilidade colectiva transformar o modo como comemos, vivemos, crescemos, construímos e alimentamos as nossas vidas».