NATO projeta rede de corredores terrestres na Europa para preparar eventual ataque da Rússia

No caso de um ataque da Rússia à NATO, as tropas americanas entrariam na Europa através dos Países Baixos, desembarcando em portos como Roterdão, para depois serem transportadas de comboio através da Alemanha até à Polónia.

Este era o plano até os mais recentes exercícios militares ‘Steadfast Defender’ terem sugerido a necessidade de maior mobilidade: os portos do norte da Europa são agora considerados vulneráveis aos ataques aéreos russos e a NATO está a desenvolver planos alternativos, incluindo a criação de vários ‘corredores terrestres’ para movimentar as tropas para a frente mais rapidamente.

De acordo com o jornal britânico ‘The Telegraph’, nos bastidores estão a ser feitos preparativos para rotas alternativas através de Itália, Grécia e Turquia: as tropas americanas poderiam chegar à Hungria (que faz fronteira com a Ucrânia) a partir de portos italianos e depois por via terrestre através da Eslovénia e Croácia. Estão a ser consideradas opções semelhantes para o transporte através de portos turcos e gregos através da Bulgária e Roménia – está a ser discutido o transporte através dos portos dos Balcãs, bem como na Noruega, Suécia e Finlândia.

De acordo com a estratégia militar, todas as rotas deveriam estar disponíveis, sendo que a decisão final seria tomada no último momento. “Ao monitorizarmos e analisarmos a guerra russa na Ucrânia, vimos que a Rússia ataca sistematicamente bases logísticas”, refere o tenente-general Alexander Sollfrank, comandante do Comando Conjunto de Apoio e Capacitação da NATO. “Isto deve levar à conclusão de que grandes bases logísticas como aqueles que conhecíamos no Afeganistão e no Iraque já não estão operacionais porque são atacadas e destruídas muito rapidamente numa situação de conflito.”

Há meses que vários países da Europa Central trabalham nestas rotas alternativas. A Alemanha, os Países Baixos e a Polónia estabeleceram um modelo de corredor transfronteiriço para o tráfego militar de oeste para leste, em estreita colaboração com a NATO e a UE – a secretária de Estado alemã Möller e a sua homóloga holandesa, Kajsa Ollongren, bem como o ministro da Defesa polaco, Wladylaw Kosiniak-Kamysz, assinaram uma declaração de intenções que prevê a criação do primeiro “corredor modelo” para a implantação de tropas na Europa.

O foco está principalmente no transporte de tropas, material e abastecimentos dos portos de águas profundas no Mar do Norte para o flanco oriental da NATO – a conceção do corredor foi confiada ao Comando de Apoio à Organização do Tratado do Atlântico Norte (JSEC) da NATO, em Ulm.

Em cima da mesa está a possibilidade da criação de um ‘Schengen militar’, sendo a Alemanha a força motriz deste projeto: localizada no centro da Europa, é o centro logístico dos movimentos de marcha das forças parceiras – o objetivo é construir uma rede logística europeia para armazenar equipamentos, materiais e munições e prepará-los para um transporte rápido e coordenado entre as forças armadas europeias.

Segundo o Ministério da Defesa alemão, serão instalados centros logísticos militares em toda a UE, os chamados ‘LogHubsLogistic Hubs’. Os procedimentos a nível europeu para movimentos de tropas estão a ser simplificados, normalizados e acelerados e as infraestruturas de transporte estão a ser modernizadas, para permitir às forças aliadas movimentar pessoal e material através das fronteiras e chegar rapidamente aos locais de treino e destacamento, especialmente para o flanco oriental da NATO, um esforço conjunto coordenado pelos Países Baixos.

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