NATO oferece à Ucrânia nova estrutura para coordenar ajuda militar ‘à prova de Trump’

Volodymyr Zelensky – assim como alguns países da Europa Central – desejavam que a Ucrânia recebesse propostas de negociações de adesão à NATO na próxima cimeira do 75º aniversário, em Washington, que decorre entre 9 e 11 de julho. No entanto, relata o jornal americano ‘The New York Times’, a NATO não oferecerá negociações, mas sim um novo quartel-general para gerir a sua assistência militar.

Chamada de Assistência e Treino de Segurança da NATO para a Ucrânia (NSATU), a nova estrutura deverá aumentar a coordenação de todos os tipos de ajuda à Ucrânia a longo prazo, segundo revelaram vários funcionários dos EUA e da NATO – a medida pretende enviar um forte sinal de compromisso aliado, tanto para Kiev como para Moscovo. A missão está sob orientação da NATO e foi concebida para funcionar mesmo que Donald Trump regresse à Casa Branca após as eleições de novembro.

A administração Biden e os responsáveis ​​da NATO tiveram a ideia sobre a forma de dar algo sólido a Kiev na cimeira, embora afirmem que não é o momento certo para a adesão da Ucrânia. “Não é apenas o facto de o país ainda estar em guerra, o que poderia tornar a NATO uma participante ativa nos combates. O presidente Biden e o chanceler Olaf Scholz da Alemanha disseram que a Ucrânia deve fazer reformas importantes para reduzir a corrupção e melhorar a sua democracia e o Estado de Direito”, refere a publicação.

A esperança é que a missão e o compromisso que ela representa satisfaçam Zelensky e conduzem a uma cimeira mais tranquila do que a última, realizada há um ano em Vilnius (Lituânia), onde o presidente ucraniano deixou claro o seu descontentamento porque não ter recebido um cronograma firme para as negociações de adesão.

A nova missão reunirá, sob o mesmo guarda-chuva, as atividades da atual “coligação de capacidades” de países que fornecem ajuda militar à Ucrânia, como defesas aéreas, artilharia, caças F-16, armas e treino. Também coordenará o treino de militares ucranianos em países aliados e os acordos bilaterais de segurança de longo prazo que diferentes países assinaram com a Ucrânia.

A missão será sediada numa instalação militar dos EUA em Wiesbaden, Alemanha, e chefiada por um general de três estrelas – provavelmente americano –, que vai reportar diretamente ao principal general americano e da NATO na Europa, Christopher Cavoli. “Colocar a missão sob o chapéu da NATO do general Cavoli irá protegê-la de qualquer mudança política em Washington”, salienta Ivo Daalder, antigo embaixador americano na NATO.

Além disso, funcionará paralelamente ao Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia, que está sob liderança americana e coordena entregas de armas de cerca de 50 países para a Ucrânia, muito além dos 32 estados-membros da NATO.

“É um esforço à prova de Trump e um esforço deliberado para aproximar a Ucrânia e a NATO para apoiar a Ucrânia hoje e no futuro”, refere Daalder.

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