NATO: No 75.º aniversário da Aliança, a Rússia continua a ser o maior desafio e ameaça

Foi precisamente há 75 anos, a 4 de abril de 1949, que a geopolítica global mudou radicalmente, com a assinatura do Tratado do Atlântico Norte mas, 75 anos depois da sua fundação, aquela que se apregoa como a “aliança militar com mais sucesso do mundo” enfrenta problemas muito semelhantes aos que tinha quando ‘nasceu’.

A maior ameaça e desafio à paz já não é o Bloco Soviético, mas sim a Rússia. Também a NATO já não depende exclusivamente dos EUA para garantias de defesa e segurança, mas sem este apoio, a Europa não consegue manter-se sozinha.

A crise na Ucrânia tornou-se o epicentro dessas preocupações renovadas. Desde a invasão russa em fevereiro de 2022, a NATO revitalizou sua relevância, reafirmando seu compromisso com a defesa coletiva, que foi o pilar de sua fundação no pós-Segunda Guerra Mundial.

Para comemorar este marco histórico, o documento original do Tratado do Atlântico Norte, assinado por 12 países fundadores, incluindo Portugal, foi transportado sob escolta diplomática e militar de Washington, D.C. para o quartel-general da NATO em Bruxelas. O documento ficará em exposição durante a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da aliança, que hoje decorre.

Além do tratado, uma estátua de Harry Truman, semelhante à que está na rotunda do Capitólio em Washington, foi instalada na propriedade que serve de residência oficial do embaixador dos EUA na NATO, recentemente rebatizada como Truman Hall.

O encontro em Bruxelas, embora sem decisões concretas, tem uma importância simbólica. Julianne Smith, embaixadora dos EUA na NATO, sublinhou a determinação dos aliados em defender a paz e segurança coletivas, conforme estipulado no tratado original.

O principal tópico da reunião do Conselho do Atlântico Norte é, sem surpresa, a agressão russa à Ucrânia. Após a revisão do seu Conceito Estratégico em resposta à invasão, a NATO continua a identificar a Rússia como a principal ameaça à segurança transatlântica.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, tem enfatizado que não há indícios de uma iminente invasão russa em território da NATO. No entanto, a comunidade internacional permanece preocupada com as intenções de Vladimir Putin, especialmente se a Rússia sair vitoriosa na Ucrânia.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, será o centro das atenções nestes encontros. O Congresso dos EUA ainda não aprovou o pacote de apoio militar de 60 mil milhões de dólares proposto pelo Presidente Joe Biden para a Ucrânia, uma situação que Julianne Smith espera que seja resolvida rapidamente.

Para os aliados europeus, o desafio adicional é contrariar uma possível deriva para o isolacionismo na política norte-americana, especialmente com a possibilidade de um retorno de Donald Trump à Casa Branca no próximo ano.

Este aniversário da NATO serve, assim, como um lembrete da sua relevância contínua e dos desafios complexos que enfrenta num mundo em constante mudança.

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