NATO inicia reunião dos chefes militares com foco no uso de armas ocidentais pela Ucrânia em território russo

Hoje, NATO dá início a uma importante reunião dos Chefes dos Comités Militares de Defesa, sob a liderança do almirante Rob Bauer. A cimeira, que decorre até 15 de setembro, reúne as mais altas autoridades militares da Aliança Atlântica para discutir as questões estratégicas atuais, com particular atenção à guerra na Ucrânia e à utilização de armas fornecidas pelos aliados ocidentais em território russo.

O encontro conta participação do presidente checo, Petr Pavel, que marcou presença na sessão de abertura. Espera-se que um dos temas centrais do debate seja a possibilidade de uma maior expansão dos ataques ucranianos em solo russo, utilizando armamento fornecido pelos países da NATO.

Na semana que antecedeu o início desta reunião, o almirante Rob Bauer destacou os desafios crescentes na segurança global. Durante o Seoul Defense Dialogue, realizado na Coreia do Sul, Bauer sublinhou que “a segurança da Europa e da Ásia não pode ser separada”, frisando que o mundo está a enfrentar “o período mais perigoso em décadas, com o maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial”.

Bauer alertou que a guerra da Rússia contra a Ucrânia não é apenas um conflito regional, mas tem implicações globais, ameaçando a ordem internacional baseada em regras estabelecidas no pós-guerra. Além disso, condenou os recentes testes de mísseis balísticos pela Coreia do Norte, que violam as resoluções do Conselho de Segurança da ONU. “A melhor resposta a esses níveis crescentes de conflito e insegurança é permanecermos unidos, mais firmes do que nunca”, afirmou o líder militar da NATO, reiterando a importância da dissuasão como estratégia para enfrentar estas ameaças.

Entretanto, um anúncio importante sobre o uso de armas ocidentais na Ucrânia está iminente. De acordo com o The Guardian e o Politico, os Estados Unidos e o Reino Unido preparam-se para anunciar a expansão das capacidades de ataque da Ucrânia dentro do território russo, utilizando armamento da NATO.

Este anúncio surge na sequência de um ataque ucraniano com drones que atingiu Moscovo, resultando na primeira morte registada na capital russa desde o início da guerra, além de ter causado destruição significativa em várias habitações. A medida foi discutida entre o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Lammy, durante uma reunião com autoridades ucranianas em Kiev.

Quando questionado sobre a necessidade de fornecer à Ucrânia capacidades de ataque de longo alcance, Blinken afirmou que “discutimos o uso de fogo de longo alcance” com os ucranianos e que este assunto seria novamente abordado no encontro entre o presidente norte-americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, em Washington. “Desde o primeiro dia, temos ajustado e adaptado conforme as necessidades mudam e à medida que o campo de batalha evolui”, acrescentou Blinken.

Fontes do governo britânico indicaram que uma decisão já foi tomada para permitir que a Ucrânia utilize mísseis de cruzeiro Storm Shadow em alvos dentro da Rússia, apesar de não se esperar um anúncio oficial no encontro entre Starmer e Biden. A possibilidade de ataques mais profundos em solo russo com armamento fornecido pelos aliados ocidentais, no entanto, é vista como uma escalada significativa no conflito, o que poderá trazer mais tensões no cenário internacional.

A expansão dos ataques ucranianos em território russo, com armas da NATO, pode intensificar ainda mais o conflito, levando a um aumento nas tensões entre o Ocidente e Moscovo. Ao evitar um anúncio público formal sobre o uso de mísseis de longo alcance, os aliados tentam mitigar a perceção de uma provocação direta, numa tentativa de controlar a narrativa pública sobre o avanço militar da Ucrânia.

Ao mesmo tempo, esta estratégia coloca em evidência a crescente sofisticação e alcance das forças ucranianas, que continuam a contar com apoio militar substancial do Ocidente para resistir à invasão russa e retomar o controlo de territórios ocupados. Contudo, a escalada deste tipo de ataques em território russo levanta questões sobre os riscos de um confronto direto entre as potências da NATO e a Rússia, o que poderia ter consequências imprevisíveis para a estabilidade global.

Esta reunião dos Chefes dos Comités Militares de Defesa da NATO, além de abordar os aspectos práticos e estratégicos deste apoio militar à Ucrânia, deverá também considerar o equilíbrio delicado entre apoiar a resistência ucraniana e evitar uma escalada descontrolada que envolva diretamente os membros da Aliança Atlântica.

Ler Mais