NATO inaugura novo ‘quartel-general’ no Báltico perante a ameaça da Rússia
A Alemanha inaugurou oficialmente, nesta segunda-feira, um novo centro de comando naval da NATO, um passo estratégico para fortalecer as capacidades de defesa da aliança na região do Mar Báltico. O centro, localizado na cidade portuária de Rostock, visa coordenar operações navais e melhorar a prontidão da NATO numa área considerada crucial devido à crescente tensão com a Rússia, especialmente após a invasão da Ucrânia em 2022.
Durante a cerimónia de inauguração, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, sublinhou a importância deste novo centro. “A relevância da região tornou-se ainda mais evidente à luz da agressão russa em curso no nosso imediato vizinho”, afirmou. O comandante da força-tarefa no Báltico será liderado pela Alemanha e estará “pronto para dirigir operações navais em tempos de paz, crise e guerra”, destacou Pistorius.
O novo centro, localizado em Rostock, terá uma equipa composta por 180 elementos, incluindo representantes de 11 países da NATO, como o Reino Unido, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Itália, Letónia, Lituânia, Países Baixos, Polónia e Suécia. Este centro desempenhará um papel essencial na “coordenação das atividades navais na região” e fornecerá à NATO “uma imagem contínua da situação marítima no Mar Báltico”, segundo as Forças Armadas Alemãs.
A sua criação vem num momento de crescente preocupação com a presença militar russa no Báltico, especialmente a partir do enclave fortemente militarizado de Kaliningrado. Com a Rússia a intensificar as suas operações navais na região e a invasão da Ucrânia a moldar a política de defesa europeia, o Báltico tornou-se uma zona crítica para as operações da NATO.
Importância estratégica do Mar Báltico
Historicamente, o Mar Báltico tem sido um ponto-chave na defesa da Europa. Durante a Guerra Fria, a NATO tinha como missão impedir que as forças navais soviéticas deixassem o Báltico. Hoje, a missão da aliança passa por garantir que as rotas marítimas permaneçam abertas em caso de conflito com a Rússia, visto que estas rotas podem ser as únicas vias de abastecimento para os Estados Bálticos caso as ligações terrestres sejam cortadas.
Com a adesão recente da Finlândia e da Suécia à NATO, após a invasão da Ucrânia, o Mar Báltico tornou-se ainda mais importante para a segurança europeia. A expansão da NATO para o leste, desde o fim da Guerra Fria, fez da segurança das rotas marítimas uma prioridade, especialmente com o aumento das tensões com a Rússia.
A NATO enfrenta também um desafio estratégico no corredor de Suwalki, uma estreita faixa de terra com cerca de 65 quilómetros de largura, que liga os Estados Bálticos à Polónia e ao restante território da NATO. Flanqueado pela região russa de Kaliningrado a oeste e pela Bielorrússia a leste, este corredor é uma área vulnerável que pode ser facilmente bloqueada em caso de conflito. Este ponto é essencial para a movimentação de tropas e equipamentos, uma vez que conta apenas com duas estradas principais e uma linha ferroviária.
Com a maior marinha da região, a Alemanha tem desempenhado um papel de liderança na proteção do Báltico contra a influência russa. Desde a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, Berlim tomou medidas para unificar as marinhas dos países ocidentais do Báltico sob uma estratégia comum. O novo centro naval em Rostock reflete essa liderança e reforça a cooperação entre as nações da NATO na região.
O comando deste centro será exercido por um almirante alemão, com o apoio de um vice-almirante polaco e um chefe de estado-maior sueco. Durante tempos de paz, o centro contará com cerca de 120 militares alemães e até 60 membros de outros países aliados, permitindo uma resposta coordenada e multinacional às ameaças no Báltico.
Nos últimos anos, a NATO tem vindo a reforçar a sua presença no leste da Europa, em resposta às ações da Rússia. A nova sede naval é mais um passo significativo neste esforço de preparação para eventuais conflitos na região do Báltico. Pistorius foi claro ao afirmar que a Rússia está a intensificar as suas atividades de espionagem e sabotagem contra os países ocidentais. “Na Alemanha e na Europa, testemunhamos que a agressão russa se manifesta de várias formas, como ameaças cibernéticas e híbridas, que continuam a confundir as linhas entre paz e guerra”, advertiu o ministro da Defesa alemão.
A sua mensagem foi firme: “Devemos garantir que Putin não terá o que deseja. Temos de nos defender e fazer tudo o que pudermos para apoiar os nossos parceiros no flanco leste da NATO”, terminou.