NATO alerta para ação da Rússia para desestabilizar Bósnia, Moldávia e Geórgia, os elos mais fracos da Europa

A NATO considera a Rússia a sua “ameaça mais significativa e direta”. Mas, nesta altura, com a guerra na Ucrânia ‘entrincheirada’ e num contexto geopolítico turbulento, a aliança militar, que não quer limitar a sua análise e ação sobre Moscovo e Ucrânia, alertou para as operações de desestabilização do Kremlin na Bósnia, Moldávia e Geórgia – três dos elos mais fracos da Europa – e também no Norte de África e Sahel, onde se registou um aumento da presença de organizações paramilitares ligadas a Putin.

De acordo com o jornal espanhol ‘El País’, a NATO, num relatório confidencial, alertou sobre estas ações do Kremlin e abriu o debate sobre os passos a seguir para responder a esta ameaça.

O documento, que os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 32 aliados tiveram acesso esta quarta-feira, não propõe soluções operacionais, segundo várias fontes aliadas familiarizadas com a análise, mas colocou alguns fatores em cima da mesa e analisou a atividade desestabilizadora de Moscovo.

No entanto, o aumento da ameaça de guerra ao continente não está em cima da mesa, sublinhou a embaixadora dos Estados Unidos na NATO, Julianne Smith. “Não vemos uma ameaça iminente ao território da NATO, mas continua a ser uma grande preocupação”, afirmou.

Nas semanas que antecederam a invasão lançada na Ucrânia pelo Kremlin, houve muitos sinais de que a Rússia estava a preparar-se para o combate. O cenário agora é diferente, destacou Smith: os sinais não estão aí. No entanto, a Rússia está a aumentar as suas campanhas de desinformação e propaganda não só nos aliados da NATO e na Ucrânia, mas também – e numa escala significativa – na Bósnia, na Geórgia e na Moldávia, considerados “parceiros em risco” pela aliança atlântica.

Moscovo, que também tem como foco o Kosovo e a Sérvia (um país tradicionalmente próximo do Kremlin e que procura usar como alavanca), está a tentar explorar a instabilidade política da Bósnia, um país estratégico nos Balcãs e com o qual, embora com condições, a UE abriu negociações de adesão. Aí, foram ativadas campanhas para minar a confiança democrática e a confiança no Ocidente, minar a sua relação com a NATO e o seu caminho para a adesão à UE, garantiram fontes aliadas.

Também na Geórgia e na Moldávia, dois parceiros particularmente vulneráveis, Moscovo procura utilizar os territórios ocupados – Ossétia do Sul e Abcásia, no caso da Geórgia, e Transnístria, no caso da Moldávia – como uma alavanca desestabilizadora. “Temos visto um aumento nas operações focadas na construção de uma opinião pública mais simpática à Rússia, mas também resistente à NATO e à UE; e uma tentativa de conquistar a chamada neutralidade”, referiu.

A NATO indicou que a Rússia está a trabalhar arduamente para alimentar partidos que pensam da mesma forma e também políticos nacionalistas, ao mesmo tempo que tenta garantir que estes países não rompam os laços económicos que ainda têm com Moscovo.

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