Natal traz prenda no sapatinho: Prestação da casa desce mais de 130 euros em dezembro

Dezembro vai trazer ‘uma prenda no sapatinho’ para as famílias portuguesas que têm um contrato de crédito habitação: à semelhança do registado no mês passado, quando fizer a sua transferência da prestação ao banco – desde que tenha o contrato revisto este mês – vai sentir uma redução substancial que pode atingir 133 euros.

“Há uma descida em todas as médias”, começou por apontar Nuno Rico, economista da DECO-PROteste, em exclusivo à ‘Executive Digest’. “Sobretudo na Euribor a 6 meses, a mais utilizada em Portugal, que vai ter a média mais baixa desde janeiro de 2023. No caso da Euribor a 12 meses, é o valor mais baixo desde outubro de 2022. Na prática, é uma prenda de Natal bastante simpática para as famílias portuguesas.”

Mas vamos a números:

Tomemos como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1%:

– se o empréstimo tem como indexante a Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar no próximo ano irá descer para 674 euros, menos 133 euros (16,48%) em relação à prestação que pagou nos últimos 12 meses (807 euros). A taxa média registada este mês – dados até ao dia 26 de novembro – foi de 2,514%.

– Já se o indexante for de 6 meses, prepare-se para entregar ao banco 698 euros, uma descida de 11,08% (87 euros) face a maio último, quando a prestação se situava nos 785 euros. A taxa média de novembro fixou-se nos 2,802%.

– por último, se tiver um contrato a 3 meses: a taxa Euribor registou este mês uma média de 3,020% o que significa em dezembro uma redução da sua prestação de 6,15%: desce de 764 para 717 euros, menos 47 euros face à prestação de setembro último.

“Chantagem dos bancos. Não há outra forma de qualificar”, acusa especialista

Nuno Rico abordou ainda a polémica recente sobre a possibilidade de a banca acabar com a taxa fixa nos créditos habitação caso seja aprovada alguma das propostas no Parlamento, no âmbito da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2025, e que podem limitar – ou mesmo proibir – a cobrança de comissões por amortização antecipada de créditos.

A Associação Portuguesa de Bancos ameaçou acabar com a taxa fixa se os bancos forem impedidos de cobrar o reembolso antecipado. “É uma óbvia chantagem, não há outra forma de qualificar estas declarações, sobre uma proposta que nos parece razoável e que até é apoiada pelo regulador, o Banco de Portugal, em relação ao resultado desta invenção temporária da comissão de amortização antecipada nos contratos de taxa variável”, referiu.

“O próprio governador do Banco de Portugal [Mário Centeno] veio referir isso mesmo, na apresentação do relatório dos mercados da banca de retalho este ano. Chegou à conclusão que teve dois efeitos: primeiro, as famílias aproveitaram as suas poupanças para baixar os encargos que tinham com os créditos e por outro lado criou maior dinamismo no mercado de créditos, com mais transferências. Houve mais concorrência”, apontou Nuno Rico.

“Agora é altura ideal para fazer a reflexão: na DECO PROteste já vimos a defender isto antes desta invenção, manter esta invenção de forma permanente no caso dos créditos habitação de taxa variável e no caso dos créditos com taxa fixa, uma vez que a oferta aumentou bastante, baixar dos 2% – um valor muito elevado hoje em dia – para 0,5%”, indicou. “O que reivindicamos é que o já se aplica desde 2009 no caso de créditos ao consumo.”

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