“Não pode ser só o ministro da Saúde”: acordo com sindicatos médicos precisa de todo o Governo e dos agentes responsáveis, alerta Lacerda Sales

A reunião entre o Ministério da Saúde e os sindicatos médicos não têm ajudado a um acordo entre as partes e António Lacerda Sales, antigo secretário de Estado, alertou esta segunda-feira para o arrastar das negociações, que voltam a ter novo ‘round’ na próxima quarta-feira. “Normalmente, significam perdas de posição em termos negociais e um desgaste na relação” entre as partes, referiu, à rádio ‘Renascença’, reforçando que é necessária a intervenção de todos os órgãos de soberania, profissionais de saúde e “agentes responsáveis” para se atingir um acordo.

“O Serviço Nacional de Saúde tem de regressar rapidamente àquilo que é a sua missão principal, que não pode, nem deve transformar-se num palco de disputa laboral que venha a comprometer aquilo que é a saúde dos cidadãos. É muito importante estabilizar rapidamente o setor e adquirir a paz social, encontrando soluções duradouras que possam contribuir para a normalização da situação”, indicou Lacerda Sales, salientando que “é importante que se conjuguem as legítimas aspirações dos profissionais de saúde com aquilo que é este interesse dos utentes, dos cidadãos, mas também obviamente aquilo que são os recursos do país. Para podermos fazer uma boa reforma, uma boa reestruturação do sistema, uma boa reorganização do trabalho, é necessário que os profissionais de saúde estejam disponíveis”.

O antigo responsável frisou que os sindicatos não podem ter uma atitude “tudo ou nada”. “Tem de haver uma confluência e por isso é que é uma mesa negocial”, explicou. “Também é muito importante que não haja um arrastamento das mesas negociais, porque, normalmente, significam perdas de posição em termos negociais de ambas as partes. Isso leva, normalmente, a uma certa perda de sensibilidade, a um desgaste na relação, à criação de alguma incerteza, instabilidade, retirando aquilo que é o foco das prioridades.”

A solução, referiu, é o Governo a “funcionar com um só”. “A tutela da Saúde, a tutela da Administração Pública, a tutela das Finanças. Este esforço tem de ser conjunto. Não pode ser só do ministro da Saúde que tutela o setor, mas tem de ter a colaboração e a amplitude de decisão dos dois Ministérios que referi, obviamente. Não só os órgãos de soberania, como todos os profissionais de saúde, todos os cidadãos, associações de doentes, para conseguir chegar rapidamente a um acordo para que possamos ter urgências abertas”.