Na gestão da água, “o caminho será sempre uma combinação de soluções”, explica o Presidente da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos
Jorge Cardoso Gonçalves, Presidente da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos, sublinha que temos água e qualidade para consumo, no entanto destaca a importância da conciliação de soluções para robustecer o fornecimento no nosso país.
“Portugal tem uma disponibilidade hídrica elevada, sendo que o volume per capita é até superior a vários países. No entanto, tem uma distribuição assimétrica no território, isto é, temos bacias hidrográficas com elevada disponibilidade de água e outras que não têm”, explica Jorge Cardoso Gonçalves, durante a sua intervenção na XXVI Conferência Executive Digest.
O Presidente da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos sublinhou que temos água segura e de qualidade, e isso deve-se a um caminho trilhado nas últimas décadas, que está relacionado com a infraestruturação, com a regulação e com políticas públicas acertadas.
No que respeita à questão do Algarve em particular, explica que esta ocorre devido a quase uma década com precipitação abaixo da média. É essa assimetria que temos de tentar corrigir com políticas públicas corretas.
Assim, o responsável deixa duas mensagens que considera importante passar: a primeira é que temos de nos habituar a viver com menos água, o que inclui gerir melhor a eficiência, os sistemas de águas que temos disponível, mas também adaptar o nosso consumo de água, procurar estratégias; a segunda é a necessidade de vivermos com outra água, ou seja, fazer o aproveitamento da água não potável para diversos fins para os quais está a ser utilizada água potável sem necessidade.
“Os transvases e a dessalinização devem sempre ser estudados com critério e com números, porque devemos medir para conhecer, e só ao conhecer é que somos capazes de gerir bem os recursos, os sistemas e as entidades gestoras”, considera, acrescentando que o importante são os números, para perceber qual o investimento necessário e o custo da água por metro cúbico, por forma a perceber a valia económica da utilização dessa água.
“O caminho será sempre uma combinação de soluções, ou seja, parte das soluções que já utilizamos, como a infraestruturação dos sistemas, que precisam de ser mais resilientes, e utilizarmos soluções que não estão totalmente exploradas, como o caso da água residual”, destaca.
Neste âmbito, considera que temos de atuar a dois níveis: na gestão da oferta, procurando novas origens e tornando as nossas origens mais robustas; e na gestão da procura, tornando os nossos sistemas mais eficientes.