Mutação do vírus na Dinamarca. OMS está a analisar biossegurança das quintas que criam visons
A Organização Mundial de Saúde (OMS) está a analisar a biossegurança de explorações de visons (ou martas) em alguns países para evitar novas “disseminações” depois de a Dinamarca ter ordenado um abate nacional destes mamíferos, devido a um surto de infeções.
Maria van Kerkhove, a líder técnica da OMS para a covid-19, disse numa conferência em Genebra esta sexta-feira que a transmissão do vírus entre animais e seres humanos era “uma preocupação”. Ainda assim, ressalvou que “as mutações em vírus são normais. Este tipo de alterações no vírus são algo que temos vindo a acompanhar desde o início”, referiu.
Na Dinamarca, foram encontradas mutações do novo coronavírus relacionadas com visons em 214 pessoas desde junho, de acordo com um relatório agora atualizado pelo Instituto State Serum, que se dedica à prevenção e controlo de doenças infeciosas e ameaças biológicas.
O risco é muito menor em outros animais de criação do que nas martas, que parecem ser muito mais suscetíveis à infeção, disse uma segunda perita da OMS.
“Estamos a trabalhar com delegações regionais onde existem explorações de martas, a olhar para a biossegurança para prevenir eventos de disseminação”, disse van Kerkhove.
Esta quarta-feira, a Dinamarca anunciou planos para abater todas as martas do país – entre 15 a 17 milhões, numa tentativa de impedir a propagação da mutação do novo coronavírus.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, disse que a mutação poderia colocar em risco futuras vacinas. “É preciso abater todos os visons”, afirmou esta quarta-feira, numa conferência de imprensa. A líder do executivo dinamarquês disse que a situação era “muito, muito grave” e que os surtos nas explorações de martas constituem um risco para a saúde pública.
Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, disse esta sexta-feira, contudo, que era demasiado cedo para tirar conclusões sobre as implicações das mutações do vírus encontrado nas martas.
“Temos de esperar e ver quais são as implicações, mas penso que não devemos chegar a quaisquer conclusões sobre se esta mutação específica vai ter impacto na eficácia da vacina”, disse. “Não temos, de momento, quaisquer provas de que isso possa vir a acontecer”, explicou.