Musk muda regras do jogo e é o novo dono do Twitter: Que mudanças trará para a empresa e para os investidores?

Elon Musk e a Twitter chegaram a acordo e o homem mais rico do mundo, segundo a lista da ‘Forbes’, vai comprar a plataforma de redes sociais por 44 mil milhões de dólares (41 mil milhões de euros).

“A compra do Twitter por Elon Musk foi mais um marco histórico alcançado pelo CEO da Tesla. Esta tem sido a única rede social que Musk tem utilizado nos últimos anos e que tem sido uma das imagens de marca do CEO da Tesla”, explica Henrique Tomé, analista da XTB.

A notícia foi avançada na segunda-feira, pelo que a bolsa de Nova Iorque e o índice tecnológico Nasdaq suspenderam a cotação do Twitter em bolsa na sessão de ontem, numa altura em que as ações subiam cerca de 5,5%, segundo a agência Efe.

“Apesar da sua abordagem peculiar e por vezes pouco ortodoxa, a oficialização da venda (ontem) foi vista de forma muito positiva pelos investidores, que se acabou por refletir no comportamento do preço das ações da empresa – subiram mais de 5%, acabando inclusive por influenciar o próprio Nasdaq-100 que terminou com a sequência de perdas (losing streaks) na segunda-feira”, acrescenta o analista.

Henrique Tomé acrescenta que o Twitter não tem registado um aumento de seguidores tão acentuado como o Instagram ou o Facebook, o que, consequentemente, se tem “refletido no fraco desempenho das ações da empresa que está cotada no Nasdaq-100”.

Elon Musk, fundador da Tesla, ofereceu inicialmente 43 mil milhões de dólares pela empresa este mês, dizendo depois de que dispunha de 46,5 mil milhões de dólares para financiar a operação de compra.

Num comunicado de imprensa divulgado na segunda-feira, a rede social sediada em São Francisco, na Califórnia, também anunciou que na sequência da compra por Elon Musk será retirada de bolsa, deixando o estatuto de sociedade aberta.

O presidente executivo do Twitter, Parag Agrawal, disse que a rede social “tem um propósito e relevância que impactam o mundo inteiro”, e manifestou-se “profundamente orgulhoso” na sua equipa e no “trabalho que nunca foi tão importante”.

Já Elon Musk afirmou que “a liberdade de expressão é a fundação de uma democracia funcional, e o Twitter é a praça digital onde matérias vitais para o futuro da humanidade são debatidas”.

“Também quero tornar o Twitter melhor do que nunca ao potenciar o produto com novas funcionalidades, tornando os algoritmos de fonte aberta para aumentar a confiança, derrotar os ‘bots’ [perfis falsos] de ‘spam’ [mensagens não solicitadas], e autenticar todos os humanos”, acrescentou o também presidente executivo da SpaceX.

Para a empresa, Elon Musk na posse de 100% das ações “significa rutura total, ou seja, incerteza”, explicou Eduardo Silva, Diretor-Geral da XTB Portugal, à ‘Executive Digest’. Dentro da Twitter, “uns vão olhar para possível aquisição como uma oportunidade para desbloquear todo o potencial da rede social, enquanto outros estarão mais céticos pois o resultado, com Musk, sabemos que é imprevisível pois acumula tantos sucessos como ideias falhadas”.

E a partir de agora, as coisas vão mudar. O novo dono do Twitter até tem vindo a fazer algumas publicações na sua conta da plataforma dando pistas de coisas que pode ou não acrescenta, como o botão de edição.

Henrique Tomé acredita que este negócio vai ter “um impacto muito positivo para a empresa e que, apesar da sua abordagem peculiar, isso não seja um fator de risco ou preocupação para os investidores. As expectativas sobre o futuro do Twitter também são animadoras, uma vez que os investidores esperam que o CEO da Tesla possa recuperar a rede social que tem sido pouco apelativa para muitos nos últimos anos”.

 

Liberdade de expressão e moderação de conteúdo

“O Twitter tornou-se uma espécie de ‘praça pública’, por isso é muito importante que as pessoas acreditem e percebem que podem falar livremente dentro dos limites da lei”, disse Elon Musk.

Defensor da total liberdade de expressão como é conhecido, já tem vindo a criticar a forma como os moderadores intervêm demasiado na plataforma.

Na segunda-feira, ainda antes de ter sido feito o anúncio do negócio, o CEO da Tesla publicou um ‘tweet’ onde pedia que até mesmo os seus “piores críticos” continuassem na plataforma “porque é isso que significa liberdade de expressão”.

 

Botão de edição

Horas depois do anúncio de quer era o maior acionista do Twitter, Elon Musk lançou uma sondagem no seu perfil a questionar se os utilizadores quereriam um botão de edição.

A resposta “sim”, superou a “não” com quase 4,4 milhões de votos.

E poucas horas depois do lançamento da sondagem, o próprio Twitter confirmou estar a trabalhar nessa funcionalidade.

 

Onde fica a Tesla nesta equação?

Quando questionado pela ‘Executive Digest’ sobre se a Tesla poderá ficar em segundo plano com o foco do CEO no Twitter, o analista Henrique Tomé diz não acreditar que isso aconteça.

“Elon tem estado envolvido em vários projetos e não tem sido por isso que a Tesla tem perdido protagonismo nem a atenção do próprio”, explica o analista. “Há muito tempo que Elon Musk tem vindo a falar da possibilidade de lançar uma rede social e a intenção do CEO da Tesla de querer comprar a Twitter acaba por ser uma alternativa à criação de uma rede social de raiz.”

“No longo prazo, não acredito que a Tesla tenha muito a ganhar. Elon Musk tem tido uma forte presença no Twitter e os próprios tweets costumam ter impacto sobre alguns mercados, incluindo sobre as próprias ações da Tesla (que por vezes resultam em quedas das próprias ações)”, esclarece Henrique Tomé.

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