Munições de urânio empobrecido: os segredos do ‘demolidor de tanques’ que promete destruir o exército de Putin

As munições de urânio empobrecido têm uma “alta densidade” que, juntamente com o impulso do lançamento, cria um “impacto imparável” para o inimigo, segundo os militares americanos que advertem para a utilização destes dispositivos.

Ficou revelado o segredo dos mísseis que o Reino Unido prometeu enviar para a Ucrânia nos próximos dias: a sua capacidade de penetrar a blindagem dos tanques de batalha mais pesados da frota do presidente russo, Vladimir Putin, informa o jornal espanhol ABC.

Na terça-feira, a vice-ministra da Defesa do Reino Unido, Annabel Goldie, confirmou que os tanques de combate Challenger 2 que o seu país emprestou a Kiev serão acompanhados de tais munições. “Os projéteis blindados que contêm urânio empobrecido são muito eficazes e podem derrotar os tanques e veículos modernos mais fortemente blindados”, revelou.

Moscovo reagiu a estas declarações com Putin a deixar uma ameaça clara: “A Rússia terá de responder adequadamente. O Ocidente começou a utilizar armas com componentes nucleares”.

Após o anúncio de que este armamento vai fazer parte da guerra na Ucrânia, que teve inicio a 24 de fevereiro de 2022 dia em que a Rússia lançou uma “ofensiva militar especial”, como designa, a NATO decidiu alertar os seus soldados no campo de batalha: “O seu principal objetivo [munições de urânio] é destruir os tanques”.

Evolução e eficácia

O oficial da marinha americana Dan Fahey, um dos peritos que mais estudaram a origem e evolução destas munições, revelou que foram desenvolvidas pela primeira vez nos anos 50, quando Washington se interessou pela sua utilização depois de descobrir que eram extremamente fortes, no seu relatório ‘Armas de Urânio empobrecido: Lições da Guerra do Golfo de 1991’.

Na altura, constatou que o material necessário para construir estes mísseis, com capacidade de se inflamarem espontaneamente quando entram em contacto com o ar, estava amplamente disponível nos Estados Unidos da América (EUA). Como tal, o país iniciou a produção desta munição em grande escala e implementou-a na ‘Operação Tempestade no Deserto’, a invasão do Iraque na década de 1990.

O Departamento de Defesa dos EUA descobriu que estas munições podem não explodir mas, depois de atingir o alvo, “fragmentam-se e inflamam-se através da armadura devido à natureza pirofórica do urânio e às temperaturas extremas geradas no impacto”. A chave é que a temperatura destes projéteis aumente drasticamente depois de atingir o alvo, o que suaviza uma área localizada da blindagem do tanque, detalhou o Museu da Radiação e Radioatividade dos EUA.

Enquanto o corpo principal do objeto perfura a placa defensiva, no interior do veículo os pedaços maiores voam e destroem tudo à sua volta, podendo causar a explosão do combustível. Estas caraterísticas levaram a que estes dispositivos tenham feito parte do exército de diferentes países na Guerra dos Balcãs. Desde então, têm sido uma das armas secretas tanto dos EUA como do Reino Unido, que desenvolveram armas específicas para a sua utilização.

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