Mundo árabe inaugura a primeira central nuclear. Objetivo é que venha a cortar 22 milhões de toneladas de emissões de carbono

A região árabe acaba de inaugurar a sua primeira central nuclear, localizada nos Emirados Árabes Unidos (EAU). A Central de Barakah, construída pela Emirates Nuclear Energy Corporation (ENEC) em Abu Dhabi, está agora a funcionar plenamente e espera-se que venha a fornecer cerca de 25% da eletricidade necessária no país. Este projeto pioneiro também visa reduzir as emissões de carbono, prevenindo a libertação de até 22 milhões de toneladas de CO₂ por ano, o equivalente a retirar 4,8 milhões de automóveis das estradas.

Ontem, a ENEC declarou que a Central de Barakah alcançou a sua plena operação comercial, o que significa que os quatro reatores nucleares da instalação estão agora totalmente operacionais, fornecendo energia nuclear ao país. Esta realização marca um importante marco para os EAU, que até ao momento produzem em média quatro milhões de barris de petróleo por dia, sendo o oitavo maior produtor de petróleo do mundo.

Em termos de produção de petróleo, os Estados Unidos lideram com 19,4 milhões de barris diários, seguidos pela Arábia Saudita com 11,4 milhões. Além de petróleo, os EUA também são o maior produtor mundial de energia nuclear, seguido pela Rússia, China e Canadá.

A central de Barakah representa um passo significativo na transição energética dos Emirados, que têm estado empenhados em reduzir a sua dependência do petróleo. Durante a COP28 em 2023, os Emirados reforçaram este compromisso com a luta contra as alterações climáticas, destacando a sua intenção de diversificar a economia e reduzir a pegada de carbono.

Custos e Benefícios
O projeto de Barakah, que teve um custo de 22,4 mil milhões de dólares, foi maioritariamente financiado pelo governo dos EAU. O presidente dos Emirados, Sheikh Mohamed bin Zayed Al Nahyan, celebrou a conclusão da central numa publicação na rede social X, onde descreveu a inauguração como “um passo significativo na jornada para o zero carbono”.

Para Lincoln Hill, diretor de Políticas e Assuntos Externos da Nuclear Industry Association, a aposta dos EAU na energia nuclear é um reconhecimento da necessidade de descarbonizar o país. Em declarações à Newsweek, Hill explicou que “a energia nuclear é uma forma segura e de longa duração de descarbonizar”. Segundo ele, as centrais nucleares são extremamente eficientes, uma vez que requerem apenas pequenas quantidades de urânio para operarem durante longos ciclos de vida.

Hill sublinhou ainda que a transição para a energia nuclear não só assegura a segurança energética como também contribui para a sustentabilidade, uma vez que a energia nuclear pode gerar o mesmo tipo de eletricidade que o petróleo, mas sem os efeitos negativos para o ambiente.

Tecnologia Avançada e Eficiência
A Central de Barakah é composta por reatores APR1400, uma tecnologia avançada originalmente desenvolvida na Coreia do Sul, que foi replicada nos Emirados pela ENEC. Hill explicou que a abordagem seguida pelos EAU, que consiste em replicar um design bem-sucedido e repetidamente aplicá-lo, é a forma mais rápida e eficiente de construir energia nuclear de alta qualidade e a custos reduzidos.

“A regra de ouro é: desenhar, construir, repetir”, disse Hill à Newsweek. Segundo ele, o caso dos EAU serve de exemplo: a melhor forma de construir centrais nucleares de forma económica e rápida é através da replicação de um design comprovado.

A central nuclear de Barakah tem recebido uma elevada aceitação por parte da população dos EAU. De acordo com uma pesquisa de mercado, 90% dos inquiridos acreditam que a ENEC está a construir a central com os mais elevados padrões de segurança e qualidade. Esta confiança reflete a importância que os EAU têm dado à segurança e ao desenvolvimento de soluções sustentáveis para assegurar a sua independência energética a longo prazo.

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