Mulheres sauditas vão poder viajar sem a aprovação de um tutor masculino

As mulheres na Arábia Saudita vão deixar de precisar da permissão de um tutor do sexo masculino para viajar, de acordo com informações da imprensa local. A confirmar-se, a medida vai marcar um passo fundamental na vida das sauditas, que são consideradas cidadãs de segunda classe no seu próprio país.

“As mulheres sauditas com mais de 21 anos passam a poder solicitar passaporte e a viajar para fora do país, sem aprovação de um homem”, avança o jornal Okaz esta quinta-feira.

O Okaz não informa onde obteve a informação, mas o jornal oficial do país twittou que as alterações às regras de viagem, à lei do trabalho e ao estado civil serão incluídas na sua próxima edição, informa a Bloomberg.

A notícia é avançada num momento de maior escrutínio internacional sobre o ‘status’ das mulheres na Arábia Saudita, dado que nos últimos meses, várias jovens fugiram do país e fizeram pedidos públicos de ajuda a pedir asilo.

Recorde-se que na Arábia Saudita, as mulheres estão sujeitas ao “sistema de guardiões” – descrito pela Human Rights Watch como “o mais significativo impedimento para a obtenção de direitos por parte das sauditas”.

Este sistema é considerado uma derivação da interpretação religiosa de um verso do Alcorão que diz: “Os homens são os protetores e provedores das mulheres, porque Deus deu a uns mais [força] do que a outros, e porque eles as sustentam com os seus recursos”.

Segundo o estatuto do guardião ou tutor, é necessária a aprovação de um indivíduo do sexo masculino em casos como autorização para casar, viajar, obter passaporte e, em certas situações, para tratamentos médicos e arranjar emprego.

O príncipe herdeiro e governante do maior país da Arábia, Mohammed Bin Salman, tem vindo a introduzir mudanças no país, também devido a um esforço de mostrar ao mundo que a Arábia Saudita se quer modernizar.

Em 2015, as mulheres puderam votar pela primeira vez, além de também terem tido a oportunidade de serem candidatas em eleições municipais.

No final de 2017, a televisão estatal emitiu um concerto pela primeira vez desde 1979. Até então, a televisão só podia transmitir música religiosa.

Desde 2018 que as mulheres já podem conduzir automóveis e no mesmo ano a jornalista Weam Al-Dakheel tornou-se a primeira mulher a apresentar o noticiário da noite, na televisão estatal. As mulheres puderam pela primeira vez assistir a jogos de futebol em três estádios do país, e depois de 35 anos de interdição a Arábia saudita autorizou a abertura de salas de cinema.

Apesar deste progresso, as mulheres continuam a não poder viajar para o estrangeiro ou a abrir uma conta bancária sem a autorização de um tutor do sexo masculino. Continuam a ser obrigadas a estar sempre acompanhadas, em público, por um homem: o pai, o marido ou outro familiar.

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