“Muitas palavras e pouca ação”: trabalhadores do Metro de Lisboa ameaçam com greve total. Sindicatos criticam administração por “impasse”

Os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa vão avançar no imediato para greve ao trabalho extraordinário ou eventos especiais se a reunião, esta terça-feira, com a administração da empresa não surtir efeito. Esta foi a conclusão do plenário realizado esta manhã pelos trabalhadores nas instalações do Complexo de Carnide, vulgo PMOIII – no entanto, a possibilidade de greve total, com interrupção da circulação, está em cima da mesa.

“Esta terça-feira haverá reunião com administração do Metro de Lisboa. Em plenário, decidiu-se que se mantiver o impasse ou a imposição negocial que a empresa tem tido até à presente data, os trabalhadores vão entregar um pré-aviso de greve ao tempo extraordinário e eventos especiais. Quer isto dizer que quando a empresa solicitar a colaboração dos trabalhadores para qualquer evento na cidade em que os trabalhadores são obrigados a disponibilizar o seu tempo, estes irão recusar. Isto numa fase mais imediata”, indicou, à ‘Executive Digest’, Paulo Machado, responsável da FECTRANS – Federação de Sindicatos de Transportes e Comunicações.

O espectro da greve total é uma possibilidade, admitiu. E em que circunstâncias? “Mantendo-se o impasse negocial, assim que houver um novo Governo e qual será o ministério que vai tutelar o metro, os sindicatos enviarão para o competente ministério um pedido de reunião com caráter de urgência. A não existência de reunião, ou qualquer tipo de impasse por parte da tutela, fará os trabalhadores avançar para vias efetivas de greve”.

Nesta altura, as posições entre as partes estão a extremar-se, explicou Paulo Machado. “Uma das coisas que existe é um aumento salarial proposto na ordem dos 2,8%, o que é manifestamente insuficiente para a perda de poder de compra nos últimos anos. Depois, temos um regulamento de carreiras que os sindicatos pretendem ver resolvido e agilizado e a empresa continua com ele suspenso, sem o negociar. Apontamos também para a redução do horário de trabalho, no mínimo e no imediato, para 37 horas e meia – o objetivo é as 35 horas mas pelo menos podiam ser dados passos no sentido dessa redução. Até porque já existe um vasto número de trabalhadores com esse horário, enquanto alguns fazem as 39 horas.”

De acordo com o responsável da FECTRANS, a administração do Metropolitano de Lisboa tem tido ‘dupla face’: “Ao nível do discurso, há efetivamente uma disposição para negociar. Mas quando chegamos à prática, a negociação tem pouca consequência”, referiu Paulo Machado, reforçando: “Muitas palavras e pouca ação.”