Mudanças climáticas: períodos de seca extrema na Europa são agora 20 vezes mais prováveis, garantem cientistas

As mudanças climáticas tornaram os períodos de seca, como os registados este ano, 20 vezes mais prováveis de acontecer, apontou um novo estudo realizado por 21 cientistas do ‘World Weather Attribution’ (WWA) – tais secas teriam ocorrido apenas uma vez a cada 400 anos, antes do aquecimento global humano. Agora, com a Terra 1,2 graus Celsius mais quente do que na era pré-industrial, podem ser esperados eventos semelhantes a cada 20 anos.

As “impressões digitais” das mudanças climáticas estão por toda a parte no período de seca recente que afetou o hemisfério Norte este verão, garantem os especialistas – com o calor recorde a desidratar solos e a secar rios em toda a Europa, China e Estados Unidos, os cientistas garantem ser um vislumbre do “novo normal”.

“Estamos a ver as impressões digitais das mudanças climáticas na seca, que nos estão a atingir com força”, apontou Maarten van Aalst, diretor do centro climático da Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, coautor do estudo. “Está a atingir-nos com força não apenas em países pobres como o Paquistão”, onde as mudanças climáticas provavelmente pioraram as enchentes devastadoras deste verão, “mas também em algumas das partes mais ricas do mundo, como a Europa Ocidental e Central, que foram consideradas menos vulneráveis”, acrescentou. “Acho que as pessoas não perceberam que os impactos seriam tão fortes tão rapidamente.”

Os cientistas alertaram ainda que foi o aumento das temperaturas causadas pelo clima, em vez das mudanças nos níveis de chuva, foi o principal responsável pela seca. E a chegada de um clima mais frio pode não funcionar como sulução: para os especialistas, seriam necessárias chuvas constantes para reabastecer os solos ressequidos.

A análise das condições extremamente secas deste ano no metro superior do solo (‘seca agrícola’) tornaram-se pelo menos 20 vezes mais priváveis do que num mundo sem mudanças climáticas, sustentaram os cientistas. A probabilidade de condições secas a afetar os 7 centímetros superiores (‘seca ao nível da superfície’) aumentou cinco vezes.

Olhando especificamente para a Europa Ocidental e Central, os cientistas descobriram que as mudanças climáticas tornaram a seca agrícola deste verão três a quatro vezes mais provável, o que significa que, em vez de uma cada 60 e 80 anos, a região pode esperar que esse evento ocorra a cada 20 anos.

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