MPOX: nova estirpe “mais perigosa e preocupante” corre o risco de propagação internacional, alertam especialistas

Uma nova estirpe do vírus mpox, que se tem espalhado rapidamente ao longo da fronteira oriental da República Democrática do Congo, é “incrivelmente preocupante”, alertaram esta quarta-feira as autoridades de saúde que têm monitorizado a sua propagação.

O atual surto foi impulsionado pela transmissão sexual, mas há provas de que esta estirpe também pode ser transmitida através do contacto próximo, pele com pele. De acordo com especialistas em saúde global, a nova variante aumenta o risco de propagação transfronteiriça e internacional do vírus, sendo mesmo considerada “a variante mais perigosa até agora”.

Uma epidemia mundial de mpox em 2022 foi controlada através da vacinação de grupos vulneráveis. Mas há pouco acesso a vacinas e tratamentos na RD Congo e as autoridades de saúde locais alertam que o vírus pode chegar a outros países. “A doença pode passar por aeroportos. Uma pessoa com lesões pode passar por fronteiras porque não há controlos”, denuncia Leandre Murhula Masirika, do departamento de saúde da província de Kivu do Sul – uma das áreas mais afetadas na RD do Congo. “Tenho muito medo de que isso cause mais danos.”

Os casos de mpox, anteriormente chamada de varíola dos macacos, têm aumentado no país africano há décadas. Os números oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que houve quase 8 mil casos este ano na República Democrática do Congo, incluindo 384 mortes – quase metade destas entre crianças com menos de 15 anos.

Testes de laboratório de amostras de vírus da área encontraram recentemente a nova variante mpox, que contém mutações que parecem ajudá-la a circular entre os humanos. A nova estirpe foi detetada em várias cidades ao longo da fronteira, incluindo Goma, que faz fronteira com o Ruanda. A OMS disse que representa “um risco renovado de propagação transfronteiriça e internacional que pode potencialmente levar a um risco aumentado de doenças graves”. Também existe preocupação com o risco de propagação assintomática entre pessoas que não apresentam sintomas e não sabem que têm o vírus.