MP investiga fortuna de António Mexia: procuradores querem saber origem dos 6 milhões de dólares numa offshore

O Ministério Público (MP) vai investigar a origem dos 5,3 milhões de euros (6 milhões de dólares) que António Mexia, antigo presidente da EDP, deteve numa sociedade offshore, indicou esta sexta-feira o ‘Correio da Manhã’: em causa está um inquérito aberto a suspeitas de corrupção na construção da barragem do Baixo Sabor, um caso que foi separado do processo principal da EDP.

Em dezembro último, o MP dividiu o processo EDP em quatro: os CMEC (Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual), que têm António Mexia e José Manso Neto como arguidos; um segundo para apurar as circunstâncias da contratação do filho de Manuel Pinho, antigo ministro da Economia, pela consultora Roland Berger; um outro para investigar a contratação pela EDP do pai do antigo secretário de Estado Artur Trindade; e o quarto relativo a suspeitas de corrupção na barragem do Baixo Sabor, em Torre de Moncorvo, Bragança.

É neste último que vai decorrer a investigação à origem dos 6 milhões de dólares acumulados na offshore ‘Miamex Ventures’, revelada pelo jornal ‘Expresso’. Em causa está o nome de código ‘Príncipe’, que há anos que os procuradores do DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal) procuram identificar e que constava nos pagamentos paralelos da construtora Odebrecht, suspeita de corrupção no processo Lava-Jato, no Brasil, e que foi responsável pela construção da barragem, em 2008, recebendo da EDP um prémio extra de 20 milhões de euros.

De acordo com os procuradores, a identidade do tal ‘Príncipe’ passa por André Gustavo, responsável pela campanha eleitoral do PSD em 2015: os investigadores brasileiros assinalaram uma coincidência entre o valor faturado pelo publicitário ao PSD e o transferido pela Odebrecht para Portugal. Mais tarde, e depois do cruzamento das transferências para Portugal, assim como as reuniões mantidas com Manuel Pinho, ex-ministro da Economia, e António Mexia, o foco da investigação passou para o ex-governante, embora sem uma conclusão sólida.

Recorde-se que o antigo ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, foram os primeiros condenados num processo que teve origem no caso EDP. O tribunal judicial de Lisboa condenou o primeiro a 10 anos de cadeia, enquanto o ex-bancário foi condenado a seis anos, por corrupção passiva e ativa, respetivamente.






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