Motorista da Carris atacado com cocktail molotov já recebeu 17 500 euros de ajuda solidária
Tiago, motorista da Carris Metropolitana vítima de um ataque com ‘cocktails molotov’ em Santo António dos Cavaleiros, Loures, continua a receber apoio financeiro e emocional da sociedade civil. Uma campanha de angariação de fundos já arrecadou mais de 46 mil euros para o condutor que permanece internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, em estado “grave, mas estacionário”. Deste montante, 17 495 euros foram já transferidos para a sua conta pessoal, que também utiliza para receber o salário.
Helena Ferro Gouveia, responsável pela iniciativa solidária, atualizou o público sobre o progresso da campanha através das redes sociais. “A segunda tranche dos fundos arrecadados foi já transferida para a conta pessoal [onde recebe o ordenado] do Tiago e já está disponível na mesma,” informou citada pelo Correio da Manhã. A iniciativa reflete a solidariedade da comunidade perante o episódio de violência que deixou o motorista em coma induzido e com marcas físicas permanentes.
O ataque ocorreu durante tumultos que sucederam à morte de Odair Moniz e envolveu um grupo de indivíduos encapuzados que arremessaram engenhos incendiários para o interior do autocarro que Tiago conduzia, causando-lhe graves queimaduras.
Os episódios de violência contra autocarros da Carris Metropolitana têm continuado na região de Lisboa. Na segunda-feira à noite, um autocarro foi apedrejado na Arrentela, Seixal, exatamente na mesma rua onde, há uma semana, outra viatura da Carris Metropolitana foi incendiada. Desta vez, o motorista, que transportava passageiros, não parou o veículo, que acabou atingido pelas pedras. O incidente foi reportado à Polícia de Segurança Pública (PSP).
Em resposta aos incidentes e à crescente tensão, a ministra da Administração Interna destacou que tanto a PSP como a Guarda Nacional Republicana (GNR) “não são racistas ou xenófobas,” sublinhando a diversidade nas fileiras das forças de segurança. “As forças policiais são compostas por uma grande variedade de elementos, de diferentes origens culturais e étnicas,” afirmou a ministra, reforçando a confiança do Governo nas instituições de segurança pública.
O Executivo reuniu-se na terça-feira com várias associações representativas das comunidades da área de Lisboa, numa tentativa de dialogar sobre os recentes acontecimentos que aumentaram a tensão social, especialmente após a morte de Odair Moniz. Este encontro surge como uma tentativa de aproximação entre o Governo e as associações comunitárias, procurando medidas que promovam o entendimento e uma resolução pacífica para os conflitos em curso.