Mortalidade infantil dispara e atinge valor mais alto desde 2019
A mortalidade infantil em Portugal, referente a crianças com menos de um ano, atingiu este ano o registo mais elevado desde 2019. Entre 1 de janeiro e 30 de novembro, foram reportados 240 óbitos, representando um aumento significativo em comparação com os 201 casos registados em 2022 e os 209 de 2021. Dados oficiais indicam que 40% das mortes ocorreram na primeira semana de vida (96 casos), 22% entre os 7 e 27 dias de vida (53 casos) e os restantes 38% (91 óbitos) aconteceram entre o primeiro mês e o primeiro ano de vida. Este aumento coloca a taxa de mortalidade infantil em 0,22% do total de óbitos no país, igualando o registo de 2019, e acima dos valores dos últimos três anos (0,14% em 2021, 0,18% em 2022 e 0,17% em 2023).
O aumento na mortalidade infantil está alinhado com uma tendência de crescimento nos óbitos gerais no país. Segundo o Portal SICO/Vigilância da Mortalidade, citado pelo Correio da Manhã, entre 1 de janeiro e 27 de dezembro registaram-se 117 500 mortes em Portugal, 503 a mais do que no mesmo período de 2023. Retirando os óbitos diretamente atribuídos à Covid-19, 2024 poderá tornar-se o ano mais mortífero das últimas décadas, ultrapassando até os anos de 2020 e 2021, marcados pela pandemia de SARS-CoV-2. As previsões de temperaturas extremamente baixas para o final do ano – mínimas entre -5 ºC nas Penhas Douradas e 7 ºC em Faro, com várias capitais distritais abaixo dos 3 ºC – fazem antecipar um agravamento na mortalidade, dado que os períodos de maior registo de óbitos têm sido habitualmente as últimas semanas de dezembro e as primeiras de janeiro e fevereiro.
Concentração geográfica dos óbitos e causas externas
Cerca de 35% dos óbitos totais registados este ano (41 138) concentraram-se em apenas 20 dos mais de 300 municípios do país. Lisboa, Sintra, Porto e Vila Nova de Gaia lideram a lista, devido à sua maior densidade populacional. Por outro lado, os registos mais baixos foram encontrados em Corvo, com apenas três mortes, e nas Lajes das Flores, com 19 óbitos.
Em termos de causas, a esmagadora maioria dos óbitos (102 976) foram atribuídos a razões naturais. Contudo, 886 casos resultaram de causas externas, como acidentes ou crimes. No que diz respeito à distribuição etária, 13,5% das mortes (15 886) ocorreram em pessoas com menos de 65 anos, enquanto 101 809 óbitos envolveram indivíduos com mais de 65 anos, incluindo 53 398 acima dos 85 anos, representando 45% do total.
Estes dados reforçam a necessidade de monitorizar tendências de mortalidade e implementar medidas preventivas, especialmente durante períodos de frio extremo, que historicamente coincidem com picos de mortalidade.