Governo avança com medidas para mitigar danos e polémicas: Montenegro controla todas as comunicações

Luís Montenegro tem estado a pressionar para que todas as comunicações do Governo passem pelo seu gabinete. Esta dinâmica é ainda mais acentuada quando se trata de anúncios de grande relevância, como foi o caso da recente revisão do IRS e das modificações no Complemento Solidário para Idosos (CSI), como evidenciado esta última quinta-feira.

“É uma estratégia de afirmação de Montenegro”, observa um membro experiente do Partido Social Democrata (PSD), em declarações ao Expresso, referindo-se à abordagem adotada pelo líder do partido. Esta dinâmica também foi visível no jantar comemorativo dos 50 anos do PSD, que teve lugar na Estufa Fria, em Lisboa, onde Luís Montenegro e os seus principais colaboradores na coordenação política marcaram presença.

Nesse evento Montenegro aproveitou a ocasião para criticar tanto o Partido Socialista (PS) como o partido Chega, numa estratégia destinada a solidificar o apoio ao PSD. “Enquanto eles se distraem com esses arranjos, estamos a resolver os problemas”, declarou Montenegro naquela noite, destacando a importância de abordar as preocupações dos eleitores de forma eficaz.

Porém, para além das questões partidárias, o governo enfrenta desafios significativos no que diz respeito à comunicação e à coordenação interna. Várias fontes apontam para um excesso de centralização na comunicação, com todos os comunicados ministeriais sujeitos à aprovação do gabinete do primeiro-ministro. Este nível de controlo visa garantir uma mensagem coesa e evitar sobreposições de temas na agenda mediática nacional.

“Está tudo muito centralizado no primeiro-ministro”, afirma um responsável político ao mesmo semanário, destacando o papel preponderante do líder do governo na gestão da comunicação. No entanto, esta centralização pode também refletir uma falta de experiência política por parte de alguns membros do governo, o que tem sido evidente em várias situações controversas, como a da exoneração da provedora da Santa Casa da misericórdia de Lisboa, do diretor-executivo do SNS ou do diretor nacional da PSP.

Numa altura em que o governo enfrenta pressões crescentes para demonstrar eficácia e competência, a falta de experiência política emerge como um desafio significativo. “Estão a aprender a andar de bicicleta enquanto pedalam”, observa outra fonte próxima ao Governo, ilustrando a curva de aprendizagem íngreme que o Executivo enfrenta à medida que tenta conciliar a sua agenda política com as exigências da governação eficaz e responsável.

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