Moedas em entrevista à Bloomberg: “Estamos muito longe de ter excesso de turismo”

Lisboa deve registar um número recorde de pernoitas em 2023: 19 milhões, mais 12% do verificado em 2019, garantiu Carlos Moedas, em entrevista à ‘Bloomberg’. A capital portuguesa está entre as cidades com as recuperações mais fortes desde a pandemia da Covid-19. “É uma recuperação absolutamente extraordinária. O turismo representa 20% da economia de Lisboa. Turismo é emprego”, sustentou o presidente da Câmara, sublinhando haver espaço para crescer.

Além do aumento de turistas americanos, impulsionado pelo aumento do número de voos diretos para Lisboa, Lisboa também vai beneficiar da Jornada Mundial da Juventude, na primeira semana de agosto, que deverá trazer cerca de um milhão de pessoas à cidade e mais turistas no futuro. “O efeito da chegada das pessoas atrairá muitas outras que virão depois”, referiu o autarca.

Lisboa, com 546 mil habitantes, recebe diariamente entre 30 e 40 mil turistas, sendo que há potencial de crescimento. “Acho que estamos muito longe do excesso de turismo. Não estamos aos níveis de Veneza ou Barcelona. Devemos continuar a apostar no turismo, sobretudo no de qualidade”, frisou Carlos Moedas, que pensa aumentar a taxa de turismo, atualmente de 2 euros por noite. “Os estrangeiros poderiam pagar um pouco mais e com isso teríamos uma cidade mais limpa. E os lisboetas veriam o turismo como algo positivo: há receitas que vêm do turismo para limpar mais a cidade.”

Para o edil, a Lisboa e a Portugal falta dar o salto de cidade ou país de startups para empresas “com grande crescimento” que se tornam “grandes empresas” – enquanto Portugal investiu em encontrar startups durante muitos anos, Carlos Moedas defendeu que é preciso investir em scale-ups, ou aquelas empresas que estão a ter “alto crescimento”.

“Mais do que uma competição entre países, é uma competição entre cidades”, referiu. “Lisboa tem de se posicionar nesta competição de talentos entre cidades. Quem conseguir atrair mais talentos, terá melhor crescimento e mais produtividade, disso não há dúvida.”