Mísseis “Tsirkon”: Putin entrega à Marinha da Rússia mísseis hipersónicos com alcance ilimitado e deixa avisos ao Ocidente

Este domingo, o Presidente russo Vladimir Putin assinalou o Dia das Forças Armadas, numa cerimónia na cidade de São Petersburgo. No seu discurso, o líder russo voltou a marcar as “linhas vermelhas” que os países ocidentais não devem pisar as suas zonas marítimas de “interesse nacional”, designadamente no Mar Negro, no Mar Báltico e no Ártico.

Putin anunciou também que as Forças Armadas russas vão receber, ainda em agosto, novos mísseis de cruzeiro hipersónicos, conhecidos como “Tsirkon”. O líder do Kremlin explicou que não há obstáculo que possa deter esses mísseis e que nenhum outro país tem armas semelhantes, que podem superar em nove vezes a velocidade do som e têm um alcance praticamente ilimitado.

“Marcámos, de forma clara e transparente, as fronteiras e áreas dos interesses nacionais da Rússia”, disse ontem Putin, acrescentando que “acima de tudo, essas são as nossas águas do Ártico, do Mar Negro, do Mar de Okhotsk, o Mar de Bering, o Báltico e os Estreitos de Kuril”.

Sobre esses zonas, o Presidente russo não deixa margem para dúvidas: “Iremos garantir a sua defesa de forma rigorosa e por todos os meios disponíveis”.

Putin explica que os navios de guerra equipados com os mísseis hipersónicos “Tsirkon” serão destacados para zonas onde seja preciso “garantir a segurança da Rússia”, dando início a uma nova era de fortalecimento naval desse país.

O novo posicionamento estratégico, aprovado ontem por Putin no âmbito da nova Doutrina Naval, tem como objetivo fazer da Rússia “uma grande potência marítima”, avança o mesmo periódico espanhol, acrescentando que o regime de Putin identifica como principal ameaça à sua segurança “a política estratégica norte-americana de domínio dos oceanos do mundo”.

Putin não fez qualquer menção, pelo menos diretamente, à Ucrânia nem à guerra, mas destacou que a Rússia pretende reforçar a sua “posição geopolítica” no Mar Negro e no Mar de Azov, que partilha com o país vizinho.

De acordo com o Kremlin, a celebração contou com a presença de 40 navios, 42 aeronaves e mais de 3.500 militares, que desfilaram na antiga capital do império czarista, que foi fundada por Pedro, o Grande, considerado o arquiteto do fortalecimento da Rússia como potência naval e do seu estatuto no palco global.

“As capacidades navais da Rússia são enormes”, garantiu Putin, sublinhando que as forças russas “são capazes de responder instantaneamente a todos aqueles que decidem interferir com a nossa soberania e liberdade”. “As suas forças [da Rússia] costeiras, de superfície, aéreas e submarinas estão altamente preparadas para ações decisivas”, diz o Presidente russo, num claro aviso deixado ao Ocidente.

“O atual ambiente exige que atuemos de forma proporcional, pronta e decisiva”, remata Putin.

Ler Mais