Ministro do Ambiente atacado com tinta por ativistas climáticos durante conferência

Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e Ação Climática, foi esta terça-feira atacado por ativistas ambientais, que lhe atiraram tinta verde. O episódio ocorreu esta manhã, enquanto o governante participava numa conferência da CNN Portugal Summit, sobre o tema da energia verde.

O ministro começava a sua intervenção, moderada pelo jornalista Pedro Santos Guerreiro, quando o primeiro recipiente com tinta foi atirado, atingindo o ecrã atrás do ministro. Seguiu-se novo arremesso, que atingiu Duarte Cordeiro, manchando-o com tinta verde.

Logo se levantaram da plateia três ativistas, que gritavam “Sem futuro não há paz” e “o nosso Mundo não é um negócio” enquanto atiravam mais tinta ao ministro. “O Governo provou que não quer saber da transição climática ao fazer conferências com a EDP e a GALP”, “Este vai ser o último inverno de gás”, “Não permitimos que vendam o nosso futuro” e ” A GALP e a EDP não querem saber da transição justa”, foram algumas das frases que as jovens gritaram.

“Faz parte”, diz Duarte Cordeiro, enquanto se levantava, e as ativistas criticam o evento “patrocinado pela Galp e pela EDP”, empresas cujos diretores-executivos estavam a assistir à conferência.

Logo intervieram membros da equipa de segurança do ministro e da PSP, segundo é possível observar nas imagens do momento, que intercetaram e afastaram as jovens ativistas, enquanto estas vociferavam novamente que este será “o último inverno com gás”. As ativistas acabaram identificadas pela PSP.

Ministro reage: “Ao menos acertaram na cor”

A conferência foi depois momentaneamente interrompida antes de continuar a intervenção de Duarte Cordeiro, já sem gravata ou blazer, que ficaram manchados com tinta.

O governante acabou por reagir ao protesto de que foi alvo e manifestou “compreensão” para com quem protesta, no entanto assinalou que “a intolerância não é caminho para lado nenhum”, “nem serve para intimidar quem exerce funções públicas”.

Duarte Cordeiro, convidado para falar sobre as metas e as políticas públicas para a transição energética, regressou à sala alguns minutos depois, tendo sido retomada a conferência, na qual defendeu que “estas formas de manifestação não resultam” e contribuem para que a causa climática “perca apoio social”.

“Eu não me queixo de quem vai para a rua reivindicar pelo seu planeta e pelo seu futuro, […] eu queixo-me de determinadas formas de manifestação que são intolerantes e têm como objetivo procurar, através da intolerância, calar os outros”, afirmou o ministro do Ambiente, sublinhando que o Governo considera que se deve “envolver as empresas no processo da transição [energética]”.

“Ainda a semana passada houve um conjunto de manifestantes que se manifestou à entrada do Conselho de Ministros”, recordou Duarte Cordeiro. “A reação do ministro do Ambiente é de compreensão, com uma geração que quer fazer ouvir a sua voz, quer que que os governos acelerem as suas metas, que é procurar responderem forma mais objetiva com passo concretos, àquilo que é a crise e emergência identificada”, disse o governante, lembrando a sua participação na Assembleia Geral da ONU, na cimeira da Missão Climática, na semana passada.

O ministro mostrou ainda algum humor, dizendo “pelo menos acertaram na cor, é verde, que é uma cor que aprecio”, fazendo referência ao facto de ser adepto do Sporting.

Veja o vídeo do momento

Greve Climática Estudantil promete “não dar paz ao Governo”

A ação de protesto foi reivindicada pelo grupo de estudantes “Primavera das Ocupas – Fim ao Fóssil” nas redes sociais, com a porta-voz da ação, Matilde Ventura, a acusar a conferência promovida pela CNN de ser “uma fachada para limpar a imagem das empresas que em Portugal estão a lucrar com as crises climática e de custo de vida”.

“O ministro provou com a sua presença que prefere compactuar com os criminosos que nos estão a levar para o colapso do que garantir que nós, jovens que nascemos em crise climática, temos um futuro”, acrescentou, prometendo “continuar a ‘não dar paz ao Governo’”, com uma “onde de ações” a partir de 13 de novembro, que incluem ocupações nas escolas e “perturbação do normal funcionamento das instituições”.
Após à ação de protesto, a Greve Climática Estudantil enviou comunicado ás redações em que promete que não vai “dar paz ao Governo” e que protesto como este, em que foram atirados ovos com tinta ao ministro, deverão repetir-se.

“Esta conferência é uma fachada para limpar a imagem das empresas que em Portugal estão a lucrar com as crises climática e de custo de vida”, afirma Matilde Ventura, porta voz desta ação. “O Ministro provou com a sua presença que prefere compactuar com os criminosos que nos estão a levar para o colapso do que garantir que nós, jovens que nascemos em crise climática, temos um futuro”.

Esta ação vem no seguimento do bloqueio do conselho de ministros, em que os estudantes declararam que “não há paz até ao último inverno de gás”, prometendo não dar paz ao governo até que se comprometa a que este inverno seja o último em que é usado gás metano para produzir eletricidade. Isto para atingir “eletricidade 100% renovável e acessível até 2025 e o fim aos combustíveis fósseis até 2030”.

“O Ministro diz que respeita as nossas ações, mas se ele nos respeitasse cumpria aquilo que a ciência dita como necessário”, comenta Matilde, “se respeitasse os jovens não tentava limpar a imagem das empresas que estão a condenar o nosso futuro”. Afirma ainda que “Conhecemos as propostas deste ministro, estão todas longe do necessário”.

Os estudantes prometem continuar a “não dar paz ao governo”, e vão voltar com uma onda de ações “pelo fim ao fóssil” a partir de 13 de Novembro, com ocupações nas escolas e “perturbação do normal funcionamento das instituições”.

Ler Mais