Ministério Público investiga agressões no Colégio Militar: praxe violenta obriga jovens a tratamento hospitalar

O Ministério Público está a investigar alegadas agressões de alunos finalistas do Colégio Militar a colegas mais novos em janeiro último, revelou esta sexta-feira o jornal ‘Observador’: houve alunos a necessitar de cuidados médicos e um dos mais velhos foi suspenso. A Procuradoria-Geral da República confirmou dois inquéritos-crime a correr no DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) – já a Polícia Judiciária Militar avançou estarem em causa eventuais “crimes de ofensa à integridade física”.

As agressões terão partido de alunos do 11 e 12º anos, numa praxe que apanhou alunos do 9º ano a dormir – cerca de uma dezena e meia de menores foram forçados a exercícios físicos durante “duas horas” ainda na camarata. “Estiveram duas horas a rastejar, a ‘encher’, a fazer italianas (prancha na horizontal, apenas com os cotovelos apoiados no chão), como se estivessem numa instrução militar”, denunciou um encarregado de educação. Após a praxe, alguns dos menores foram transportados para o hospital com hematomas e queimaduras no corpo devido aos exercícios – nos casos mais graves, dois alunos apresentaram lesões nos joelhos e musculares.

De acordo com a publicação, houve também agressões físicas aos alunos mais novos – um dos finalistas terá esbofeteado um jovem, provocando uma lesão no ouvido, que ficou a sangrar.

A instituição de ensino não confirmou os incidentes. “O Colégio Militar não se revê, aceita ou compactua com comportamentos ou atitudes que contrariem o estipulado no Regulamento Interno da instituição, no seu projeto educativo e na lei em geral”, frisou a instituição, sublinhando que “sempre que toma conhecimento de qualquer conduta menos própria ou de prática de alguns excessos ao nível da relação ente alunos, que não são toleráveis nem compagináveis com a boa conduta e o comportamento que se exige a um aluno, e que coloque em causa a integridade física e psíquica dos seus alunos, desencadeia de imediato os procedimentos previstos no regulamento interno”.

A instituição de ensino confirmou, no entanto, que foi “aplicada a medida sancionatória de suspensão de frequência de escola por quatro dias, em resultado da violação dos deveres por parte de um aluno do Colégio Militar”. Houve também, segundo a publicação, dois alunos proibidos de desfilar, no passado dia 3 de março, na Avenida da Liberdade, no 221º aniversário da instituição.

No entanto, de acordo com um encarregado de educação, “não foi um nem foram dois”. “O problema é que vários são filhos de coronéis”, acusou, pelo que a punição é suavizada pelos responsáveis da instituição. Mas também houve “filhos das ‘castas’ que também foram vítimas” dos castigos, pelo que não poderia ficar sem consequências.

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