Ministério dos Negócios Estrangeiros chama embaixador do Irão para fazer um apelo e duas exigências

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chamou, na manhã desta terça-feira, o embaixador do Irão ao Palácio das Necessidades, indicou em comunicado, a quem reiterou a condenação do ataque contra Israel e renovou a “exigência da libertação imediata” do navio ‘MSC Aries’, anunciou o Palácio das Necessidades. Recorde-se que Seyed Majid Tafreshi salientou, em entrevista à ‘RTP’, que pretendia pedir uma reunião a Paulo Rangel, novo ministro dos Negócios Estrangeiros, na sequência do caso da apreensão da tripulação do navio com bandeira portuguesa.

Numa nota divulgada hoje, o MNE indica que “o embaixador da República Islâmica do Irão foi chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros esta manhã, 16 de abril”.

Durante a reunião, mantida com o diretor-geral de Política Externa, o embaixador Rui Vinhas, o Governo português reiterou “de forma veemente e categórica a condenação do recente ataque realizado contra o Estado de Israel”.

Segundo a nota, o ministério tutelado por Paulo Rangel também “manifestou a sua profunda preocupação com a escalada do conflito na região, apelando à máxima contenção”.

No encontro, o MNE também insistiu na “exigência da libertação imediata do navio ‘MSC Aries’, apresado no estreito de Ormuz, à luz das obrigações de Portugal enquanto Estado bandeira”.

“Foi igualmente exigida a libertação da tripulação, que deve ser condignamente tratada enquanto o navio se mantiver apresado, dado não se considerarem consistentes as explicações até agora fornecidas”, acrescenta a mesma nota.

O Governo português, indica ainda, “aguardará os resultados desta diligência formal e avaliará, em função disso, passos adicionais”.

Recorde-se que o embaixador de Portugal em Teerão reuniu-se no último domingo com o chefe da diplomacia do Irão, para obter esclarecimentos sobre a captura do navio com pavilhão português no Estreito de Ormuz e na sequência desse encontro, “o Governo continua a desenvolver todas as diligências previstas e adequadas”, segundo fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) disse à Lusa.

O navio com pavilhão português, um porta-contentores, foi apreendido no passado sábado pelo Irão perto do Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico, com um total de 25 tripulantes a bordo. Na altura, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português confirmou tratar-se de um navio de carga, o ‘MSC Aries’, com pavilhão português (registo na Região Autónoma da Madeira), sendo a empresa proprietária a Zodiac Maritime Limited, com sede em Londres.

O incidente ocorre numa altura de elevada tensão, que subiu de nível após o ataque israelita ao consulado do Irão em Damasco, no dia 1 deste mês, e que resultou na morte de sete membros da Guarda Revolucionária. O Irão prometeu retaliar, tendo os Estados Unidos alertado para a possibilidade de Teerão responder durante o fim de semana — o que acabou por se confirmar.

O navio porta-contentores capturado está ligado à empresa Zodiac Maritime, parte do Grupo Zodiac, com uma frota de mais de 180 navios e pertencente ao bilionário israelita Eyal Ofer. Saiu de Khalifa, nos Emirados Árabes Unidos, com destino a Nhava Sheva, na Índia, e a última posição recebida foi sexta-feira, exatamente no mesmo local perto do Estreito de Ormuz onde foi sequestrado.

Desde 2019 que o Irão tem sido acusado de estar envolvido em vários assaltos e ataques a navios na zona do golfo de Omã, por onde passa cerca de um quinto de todo o petróleo comercializado no mundo.

As tensões, marcadas nos últimos seis meses pela guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, subiram recentemente com um bombardeamento a 1 de abril ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, que matou altos funcionários militares iranianos, e que foi atribuído a Telavive.

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