Militares ameaçam com protestos caso ministro Nuno Melo não reveja salários e progressão nas carreiras

As associações que representam os militares portugueses estão a lançar um aviso sério ao novo ministro da Defesa, Nuno Melo. Caso não sejam atendidas as reivindicações relacionadas com revisões salariais e progressão nas carreiras, os militares estão dispostos a expressar o seu descontentamento nas ruas.

António Lima Coelho, líder da Associação Nacional de Sargentos, explica à CNN Portugal que “todos os cenários estão em cima da mesa” e que, se a nova liderança do Ministério da Defesa não mostrar vontade em resolver os problemas, os militares usarão “esse mecanismo” para protestar, conforme permitido pela legislação vigente.

Paulo Amaral, presidente da Associação Nacional de Praças, sublinha que os militares têm o direito de se manifestar de forma pacífica, desde que estejam desarmados e não usem uniformes ou símbolos das Forças Armadas. O responsável reforça que a manifestação está “dentro do previsto pela lei” caso as suas preocupações não sejam rapidamente abordadas.

A legislação atual, mais especificamente o artigo 30.º da Lei de Defesa Nacional, estabelece que os militares o ativo podem participar em manifestações legalmente convocadas, desde que cumpram certas condições, como estar desarmados e trajados civilmente.

Apesar das tensões iniciais, os representantes dos militares mantêm uma postura de espera em relação à nova liderança de Nuno Melo. Paulo Amaral expressou a sua disposição para colaborar com o ministro, dizendo que “aguardamos com calma e na expectativa de que faça um bom trabalho”.

António Lima Coelho instou Nuno Melo a “cumprir a lei” e a ter a “humildade” de dialogar com os representantes militares para encontrar soluções que ponham fim ao “descalabro” que, segundo ele, as Forças Armadas estão a enfrentar.

Em paralelo, o debate sobre o retorno do Serviço Militar Obrigatório (SMO) está a ganhar destaque no panorama político nacional. Relativamente a este tema, António Lima Coelho apoia a ideia de reintroduzir o SMO como uma forma de “incutir nos jovens a noção de servir o país”. No entanto, ressalva que o SMO não deve ser utilizado apenas como uma solução temporária para a falta de pessoal, mas sim como parte de uma estratégia mais ampla que inclua melhorias salariais e condições de trabalho para os militares.

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