México realiza maior apreensão de sempre de fentanil dias depois da ameaça de Trump
Fuzileiros navais mexicanos apreenderam mais de uma tonelada de comprimidos de fentanil em duas operações no norte do país, com as autoridades do México a considerarem tratar-se da maior captura deste opioide da história.
As operações ocorreram dias após o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ameaçado impor tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México se estes países não reprimissem o fluxo de migrantes e drogas através da fronteira.
A principal autoridade de segurança do México explicou que soldados e fuzileiros navais avistaram, na noite da passada terça-feira, dois homens com armas no estado de Sinaloa, no norte do país, sede do cartel de drogas de mesmo nome. Após perseguição aos homens – que correram para dentro de duas casas -, as autoridades encontraram cerca de 300 quilos de fentanil numa das casas, sendo que noutra estava um camião com 800 quilos da droga, a maioria em forma de comprimido
“Em Sinaloa, conseguimos a maior apreensão de fentanil da história”, escreveu o secretário de Segurança Pública, Omar Garcia Harfuch, nas redes sociais: foram ainda apreendidas várias armas e detidos dois homens.
No México eram frequentes as histórias das forças de segurança locais de seguirem homens armados a correr para dentro de casas como um pretexto para entrar nas mesmas sem mandados de busca: em pelo menos um caso, a versão das autoridades foi mesmo desmentida por imagens de câmaras de segurança.
Esta apreensão quebra os registos recentes do México: no primeiro semestre do ano, as apreensões de fentanil caíram drasticamente – em alguns pontos durante o verão, sob o ex-presidente Andrés Manuel López Obrador, as forças federais relataram ter apreendido cerca de 50 gramas por semana.
Os números do primeiro semestre de 2024 mostram que as forças federais mexicanas apreenderam apenas 130 quilos de fentanil em todo o país entre janeiro e junho, uma queda de 94% em relação aos 2.329 quilos apreendidas em 2023.
O opioide sintético é responsabilizado por cerca de 70 mil mortes por overdose anualmente nos Estados Unidos, e autoridades americanas têm tentado intensificar os esforços para apreendê-lo quando passa pela fronteira, geralmente na forma de comprimidos falsificados feitos no México a partir de precursores químicos importados em grande parte da China. López Obrador sempre negou que o fentanil seja produzido no México, embora especialistas — e até mesmo membros da sua própria administração — reconheçam que sim.