Mercenário chinês a lutar pela Rússia afirma que já foram mortos soldados norte-coreanos na Ucrânia

Um mercenário chinês que está a lutar ao lado das forças russas revelou informações sobre soldados norte-coreanos alegadamente mortos pouco tempo depois de se juntarem ao esforço de guerra da Rússia na Ucrânia. As declarações foram divulgadas no domingo, através da rede social X (anteriormente conhecida como Twitter), pela conta @whyyoutouzhele, e resultam de uma conversa entre dois mercenários. Um deles, que usa o nome “Dian Yuzhang,” está atualmente a combater ao lado das forças russas, enquanto o outro, conhecido como Li Dafu, já regressou à China.

Estas alegações surgem pouco tempo após o Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul ter confirmado que tropas norte-coreanas estavam a ser treinadas na Rússia antes de serem enviadas para reforçar as forças russas, desgastadas pelo conflito, e para ajudar a conter a contraofensiva ucraniana na região de Kursk, na Rússia. As forças norte-coreanas foram vistas como uma forma de fortalecer as fileiras militares russas, que têm enfrentado dificuldades no combate.

Durante uma transmissão em direto em que participaram, Dian Yuzhang informou o anfitrião, Li Dafu, que soldados norte-coreanos já tinham sofrido baixas significativas. “Após apenas um dia, oito pessoas morreram – todos oficiais superiores,” afirmou Yuzhang, entre risos, enquanto os dois discutiam os recentes acontecimentos na linha da frente.

De acordo com a inteligência sul-coreana, estima-se que até 12.000 soldados norte-coreanos estejam a ser preparados para serem enviados à Rússia, sendo que muitos já estão a ser treinados no leste do país. Fontes ucranianas também corroboram esta informação, referindo que grande parte destas tropas está envolvida em exercícios militares em território russo, especialmente em áreas mais próximas do conflito, como a região de Kursk.

Patrick Cronin, presidente de segurança para a região Ásia-Pacífico no Instituto Hudson, comentou que o envio de tropas por parte da Coreia do Norte para o conflito ucraniano faz parte de uma estratégia maior de Kim Jong Un para estreitar laços com Vladimir Putin. “Kim Jong Un procura obter tecnologia de defesa mais avançada e quer que Putin se sinta obrigado a defendê-lo, permitindo-lhe ameaçar outros sem grande receio de represálias,” disse Cronin à Newsweek.

O líder norte-coreano parece também estar determinado a colocar algumas das suas tropas em combate. Embora seja esperado que muitos soldados norte-coreanos regressem “em sacos para cadáveres, se é que regressarão,” Cronin sublinha que Kim Jong Un terá a oportunidade de se gabar de ter “as únicas tropas prontas para combate na península coreana.”

A conversa entre os dois mercenários chineses foi partilhada pouco depois de um relatório da inteligência sul-coreana apontar imagens de satélite captadas em agosto, que mostrariam cerca de 1.500 forças especiais norte-coreanas a embarcar em transportes russos com destino a Vladivostoque, uma cidade no extremo oriente da Rússia.

Além disso, na semana passada, a emissora pública ucraniana LIGA citou oficiais da inteligência da Ucrânia, que afirmaram que a Rússia estava à procura de aproximadamente 18 soldados norte-coreanos que teriam desertado a poucos quilómetros da fronteira ucraniana.

Moscovo e Pyongyang têm estreitado laços nos últimos meses. O presidente russo, Vladimir Putin, fez a sua primeira visita à Coreia do Norte em mais de duas décadas, o que causou preocupação em Seul e Washington. Durante as conversações com Kim Jong Un, os dois líderes assinaram um tratado de assistência militar, fortalecendo ainda mais a sua aliança.

Seul também acusou a Coreia do Norte de ter enviado milhares de contentores cheios de armas para reabastecer as reservas militares da Rússia, que têm vindo a ser desgastadas pelo conflito. Imagens de satélite capturadas em portos norte-coreanos mostram navios de transporte russos a carregar mercadorias, dando mais força a estas alegações.

Durante a transmissão, Dian Yuzhang também mencionou que tem uma lista de 153 combatentes chineses mortos na linha da frente onde está destacado. Embora milhares de combatentes estrangeiros tenham lutado tanto do lado ucraniano como russo desde o início do conflito em fevereiro de 2022, ainda não há provas conclusivas de um envolvimento chinês em larga escala.

No início deste mês, um membro de um grupo de voluntários baseado na cidade russa de Novoshakhtinsk afirmou nas redes sociais que dois mercenários chineses teriam sido mortos em ação.

A China, por sua vez, mantém oficialmente uma postura de neutralidade em relação ao conflito, embora tenha ecoado as acusações russas de que a expansão da NATO na Europa de Leste foi a causa principal da guerra. Além disso, as autoridades chinesas têm monitorizado de perto as redes sociais do país, removendo conteúdo que critique a posição do Kremlin, evitando assim que sentimentos anti-guerra ganhem força entre a população chinesa.

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