Mercado lisboeta de escritórios e investimento em imobiliário comercial em alta em 2024

O mercado de escritórios em Lisboa registou “uma viragem positiva” em 2024, segundo a consultora Worx Real Estate, que aponta ainda uma recuperação do investimento em imobiliário comercial, com 2.300 milhões de euros investidos no ano passado.

Em comunicado, a Worx faz um “balanço positivo” da atividade imobiliária em 2024, “de forma transversal a todos os setores”, destacando o mercado de arrendamento de escritórios, com mais de 204.000 metros quadrados (m2) colocados em Lisboa, e os 2.300 milhões de euros investidos nos diversos setores do imobiliário comercial.

Citado no comunicado, o presidente executivo (CEO) da Worx afirma que o setor imobiliário “soube, mais uma vez, superar-se em 2024 e demonstrar a sua resiliência face ao enquadramento económico-financeiro, depois de um ano de atividade mais fraca como foi 2023”.

Já relativamente a 2025, Pedro Rutkowski prevê que “comece em nota positiva, com o contexto financeiro cada vez mais favorável e uma mão cheia de oportunidades de investimento em Portugal, seja em que setor for”.

“Fechámos 2024 com resultados históricos no setor e olhamos para 2025 de forma otimista, na expectativa de ver os novos projetos que estão a surgir no mercado. Portugal continua a marcar pontos como destino de excelência para investidores e multinacionais, e estamos certos de que vamos manter este nosso posicionamento”, sustenta.

De acordo com a Worx, o mercado de escritórios registou “o quarto melhor ano de sempre” em 2024, com um volume de ocupação a rondar os 204.400 m2 na Grande Lisboa, que traduz um “aumento notável” de 77% na procura face a 2023.

Para Pedro Rutkowski, estes números “são sinais de uma clara recuperação da procura por escritórios que se deverá manter em 2025”, embora com um “crescimento modesto”, refletindo os “ajustamentos às políticas de trabalho remoto e híbrido em algumas empresas”.

Segundo o estudo “Pan-European Office Occupier Survey 2024”, do BNP Paribas Real Estate, que inquiriu 168 empresas com presença europeia, 45% das empresas pretende reduzir o número de dias de trabalho remoto, o que, aliado à necessidade de os escritórios serem espaços cada vez mais flexíveis, deverão contribuir o aumento da procura de escritórios.

Ainda previsto é que também as rendas ‘prime’ revelem um aumento moderado em 2025, em resultado da conclusão iminente de alguns novos projetos na denominada zona ‘prime’ e no centro histórico, oferecendo espaços disponíveis a rendas mais elevadas.

Também destacado pela Worx é a recuperação do investimento em imobiliário comercial em 2024, que aumentou 42% face a 2023, para cerca de 2.300 milhões de euros, com “negócios notáveis no final de ano”.

“O quarto trimestre do ano assinalou a maior transação do ano, com a aquisição do Projeto Athos, composto por diversos supermercados e ‘stand alone’ do grupo Os Mosqueteiros, cujo comprador Leadcrest Capital Partners já adquiriu uma participação de 49% num valor que ronda os 250 milhões de euros”, concretiza.

Segundo acrescenta, “não é, por isso, difícil que o setor do retalho tenha agregado a maior fatia do volume de investimento, com 1.130 milhões de euros, tendo quase duplicado em relação a 2023 e destacando-se como o segundo melhor ano na última década”.

Segundo a Worx, os setores hoteleiro e de escritórios acumularam mais de um terço do total do investimento, com 20% e 15% respetivamente, enquanto o setor de escritórios “perdeu protagonismo para outros setores”.

Com as recentes reduções das taxas de juro a motivarem “alguma aceleração da atividade de investimento”, a consultora diz já ser “evidente uma redução das diferenças na negociação dos valores de compra e venda, à medida que as condições de financiamento se tornam mais favoráveis”, prevendo “uma recuperação mais substancial em 2025”.

“Espera-se um crescimento significativo do investimento nos setores residencial e logístico, juntamente com uma recuperação contínua da atratividade do setor dos escritórios. Dado que se avizinham novas reduções das taxas de juro, é provável que se verifique uma compressão das ‘yields prime’”, avança.