Membros da claque do Olhanense agridem “brutalmente” adepto do Odiáxere em jogo dos juvenis. Polícia no estádio recusa ajuda
O jogo do escalão juvenis que decorreu no Estádio Municipal de Olhão, às 15h00 de sábado, entre o Sporting Clube Olhanense (SCO) e o Clube Desportivo de Odiáxere (CDO) com o resultado final de 2-1 não terminou da melhor forma para os adeptos.
Gritos, ofensas e desordem marcaram o jogo da 1.ª distrital, mas os desacatos não ficaram apenas por cânticos indecentes a provocar atletas e pais. No final do jogo, não só a claque do Olhanense continuou com a falta de respeito como se dirigiu à mãe de um jogador do clube adversário para a agredir, após esta ter pedido para pararem com as ameaças.
Saiu em sua defesa um apoiante da equipa do Odiáxere, com 60 anos, que foi imediatamente agredido por um membro da claque nas bancadas. De seguida, juntaram-se mais cinco pessoas pertencentes ao mesmo grupo “que o agarraram nas pernas e fizeram com que caísse de uma altura de dois metros”, relatou o dirigente do CDO, Rui Santos.
“Tive necessidade de intervir para defender a senhora” explicou a vítima, que não pretende ser identificada, ao acrescentar que o seu único objetivo “era acalmar os ânimos do indivíduo”, mas quando o fez “outro elemento apareceu de surpresa”. “Puxou-me para trás e fez-me cair, sem me dar tempo para ter qualquer reação”, expressou ao destacar: “Lembro-me de ser pontapeado brutalmente, atuaram como uma verdadeira matilha de homens jovens e cruéis”.
Os dois elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP) destacados para o jogo, estavam à entrada dos balneários, com visão para os desacatos, porém não tiveram qualquer reação. Quando o delegado do CDO, Otávio Chau, pediu auxílio aos agentes, a resposta dada foi que “estavam no local apenas para proteger os árbitros” e não podiam sair de onde estavam.
Perante a ausência de ajuda, o delegado do CDO disse então que ia contactar a PSP e foi quando os agentes se deslocaram ao local. No entanto, o tempo que demoraram neste entendimento foi o suficiente para que quando chegassem o confronto já tivesse terminado, devido à intervenção de Rui Santos que chamou à atenção dos agressores. Apesar de também o terem ameaçado, a vedação fez com que não houvesse mais pancadaria.
As figuras de autoridade, que não chamaram reforços ou informaram a PSP sobre o sucedido, sugeriram à vítima que apresentasse queixa em frente aos agressores, o que o senhor não fez por receio de represálias e mais ataques. Quando o dirigente do CDO questionou se iriam referir o confronto no relatório do seu trabalho responderam que “não tinham visto nada”, mas por insistência do clube ofendido admitiram referir um “desacato nas bancadas”, contudo não identificaram os envolvidos.
“Esta situação pôs em risco a integridade física dos atletas que foram ameaçados e dos pais”, frisou o dirigente do CDO ao comentar: “Foi horrível, existiam cerca de 20 vândalos alcoolizados à procura de confusão”.
Dias após ter sido atacada, a vítima olha para este episódio, que decorreu num evento desportivo de menores, com tristeza e desilusão: “Com tantos anos de futebol e mais ainda de vida nunca imaginei que iria viver uma situação destas”, realçou ao notar: “Lamento pelo futebol, mas lamento mais profundamente pelo ser humano”.
Nas redes sociais, foram vários os relatos de testemunhas que se mostraram escandalizadas com a falta de civismo por parte da claque do SCO e questionaram a inexistência de ação das forças de segurança presentes.
Face ao descontentamento dos pais e encarregados de educação dos atletas do CDO, o SCO lamentou o sucedido e comentou que “a violência não devia fazer parte do futebol e infelizmente existe ainda um mau comportamento dos pais dos atletas em quase todos os clubes” ao acrescentar que o Olhanense “pediu desculpa ao treinador e delegado do Odiáxere no local”. À Multinews não quis adicionar mais nenhuma declaração.
Tanto o CDO como a vítima vão fazer queixa, primeiramente à Associação de Futebol do Algarve e posteriormente ao Ministério Público, se assim se justificar.
O confronto não foi totalmente inesperado, dado que a claque do SCO tinha já ameaçado os pais dos atletas do CDO no fim de semana anterior, desta vez no Estádio do clube, para “se prepararem para confrontos”. Perante este ‘aviso’, um dos pais dos atletas do clube alega ter alertado a PSP, que nada fez para precaver a situação.
Questionada sobre o incidente, a PSP de Olhão disse não estar informada e remeteu para o Comando Distrital de Faro que, até ao momento, não prestou qualquer resposta ou esclarecimento.