Meloni e Musk cada vez mais próximos: Multimilionário vai entregar Prémio de Cidadania Global à primeira-ministra italiana

No dia 23 de setembro de 2024, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni será distinguida com o Prémio de Cidadania Global, numa cerimónia organizada pelo Atlantic Council em Nova Iorque. A distinção reconhece personalidades que contribuíram de forma “excecional e distinta para o fortalecimento da relação transatlântica”. Meloni será apresentada, nada mais, nada menos, por Elon Musk, CEO da Tesla e SpaceX, que a própria escolheu para a introduzir na cerimónia, em resultado da sua relação pessoal e profissional com o empresário.

Além de Meloni, outros líderes internacionais serão agraciados na cerimónia, nomeadamente o presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, o primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, e Miky Lee, vice-presidente do conglomerado sul-coreano CJ Group. A cerimónia, que decorrerá no Ziegfeld Ballroom, um local distinto do habitual Cipriani, em Wall Street, contará com a presença de diversas figuras influentes, como o presidente do Quénia, William Samoei Ruto, o CEO da Pfizer, Dr. Albert Bourla, e Shari Redstone, presidente da Paramount Global.

Giorgia Meloni, que se tornará a primeira mulher a liderar a Itália, partilha preocupações comuns com Musk, nomeadamente em questões como as baixas taxas de natalidade e a migração descontrolada, temas que o empresário abordou num evento organizado pelo partido de Meloni, o Irmãos de Itália, em dezembro de 2023, na residência oficial da primeira-ministra. Durante o discurso que proferiu nesse evento, Musk demonstrou apoio a algumas das posições políticas de Meloni, fortalecendo a relação entre ambos.

A decisão de Meloni de ser apresentada por Musk gerou controvérsia dentro do Atlantic Council. De acordo com um artigo da Politico, alguns funcionários da organização manifestaram desagrado pela nomeação da líder nacionalista e pela sua ligação a Musk. Em particular, alguns membros da equipa criticaram a posição de Meloni em relação à Rússia e as políticas do seu partido, que incluem uma retórica anti-imigração e anti-LGBTQ+. Estes mesmos funcionários, de forma anónima, expressaram a sua insatisfação, considerando que a colaboração entre Meloni e Musk não estava “em consonância com os valores que o conselho tenta promover”.

Apesar das críticas internas, o Atlantic Council manteve a tradição de honrar os pedidos dos laureados para que escolham quem os apresente. Num comunicado enviado ao Newsweek, um porta-voz da organização confirmou que algumas preocupações foram levantadas pelos funcionários, mas que o conselho aceitou a decisão de Meloni, sublinhando a importância de envolver uma ampla gama de atores internacionais influentes para promover a cooperação global.

Fred Kempe, presidente e CEO do Atlantic Council, também defendeu a decisão, afirmando que a organização é apartidária e que valoriza o debate aberto sobre questões difíceis. “A diversidade de pensamento fortalece o nosso trabalho”, disse Kempe. “O Atlantic Council sempre abraçou estas conversas e continuará a fazê-lo, no nosso esforço de construir um mundo mais seguro e próspero.”

Meloni reconhecida por liderar a Itália e apoiar a aliança transatlântica
A atribuição do prémio a Giorgia Meloni é justificada pelo seu papel inovador como a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra italiana, bem como pelo seu “forte apoio à União Europeia e à aliança transatlântica”, e pela sua presidência do G7 em 2024. Meloni tem sido uma figura política amplamente conhecida pelas suas posições duras em questões como a imigração, tendo proposto um bloqueio naval no Mediterrâneo para travar as travessias de migrantes, uma medida apresentada antes da sua eleição. Além disso, a sua política de endurecimento das leis contra festas de grande escala, popularmente conhecida como “anti-rave”, e a sua oposição a legislação que classificaria a violência contra a comunidade LGBTQ+ como crime de ódio também são amplamente reconhecidas.

O Prémio de Cidadania Global já foi atribuído a diversas figuras de renome ao longo dos anos. Entre os laureados anteriores estão o antigo presidente de Israel, Shimon Peres, o ex-secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, a rainha da Jordânia, Rania al Abdullah, o CEO da Google, Sundar Pichai, e os atores vencedores de Óscares Forest Whitaker e Robert De Niro. O prémio visa celebrar personalidades que contribuíram significativamente para o fortalecimento das relações internacionais e para a promoção da paz e da cooperação global.

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