Megaoperação da Madeira obriga à maior logística de sempre: PJ freta dois aviões da Força Aérea para levar 200 inspetores

A operação da Polícia Judiciária na ilha da Madeira, que permitiu a detenção dos empresários Avelino Farinha e Custódio Correio, assim como do presidente da câmara do Funchal, Pedro Calado, foi de uma logística sem precedentes, indicou esta quinta-feira o ‘Jornal de Notícias’: viajaram 200 inspetores em dois aviões da Força Aérea, especialmente fretados para evitar alertar os suspeitos.

A viagem, de Lisboa para a Madeira, teve necessidade de ser discreta. “A Polícia Judiciária sublinha ainda a colaboração da Força Aérea Portuguesa, cujo apoio foi crucial à montagem do dispositivo humano e logístico”, rematou, em comunicado, a PJ, depois de terem sido cumpridos 130 mandados de busca.

Os aviões disponibilizados pela Força Aérea Portuguesa garantiram a inspetores e peritos da PJ alguma discrição, essencial para não pôr de sobreaviso os alvos das buscas. Os aviões aterraram no Aeroporto Cristiano Ronaldo na passada terça-feira, mas os polícias não se misturaram com os passageiros de voos comerciais e saíram, em direção aos alojamentos onde haveriam de pernoitar, em autocarros fretados pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal. No entanto, apesar da discrição da operação, não evitou que vários jornalistas do continente chegassem à ilha antes do início das buscas.

A PJ sublinhou que as diligências “visaram a recolha de elementos probatórios complementares, a fim de consolidar as investigações dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência”.

De acordo com a Judiciária, “os factos suscetíveis de enquadrar eventuais práticas ilícitas, conexas com a adjudicação de contratos públicos de aquisição de bens e serviços, em troca de financiamento de atividade privada; suspeitas de patrocínio de atividade privada tendo por contrapartida o apoio e intervenção na adjudicação de procedimentos concursais a sociedades comerciais determinadas; a adjudicação de contratos públicos de empreitadas de obras de construção civil, em benefício ilegítimo de concretas sociedades comerciais e em prejuízo dos restantes concorrentes, com grave deturpação das regras de contratação pública, em troca do financiamento de atividade de natureza política e de despesas pessoais” motivaram as diligências.

Na operação participaram dois Juízes de Instrução Criminal, seis Magistrados do Ministério Público do DCIAP e seis elementos do Núcleo de Assessoria Técnica (NAT) da Procuradoria Geral da Republica, bem como 270 investigadores criminais e peritos da Polícia Judiciária.

Detidos chegam hoje a Lisboa

Os arguidos detidos na megaoperação da PJ viajam hoje para o continente, para serem presentes a primeiro interrogatório esta sexta-feira. De acordo com a rádio ‘Renascença’, há um voo militar previsto para a hora do almoço e outro para o final do dia – a Força Aérea disponibilizou um C130 e um KC390.

A bordo estarão, além dos três detidos, os elementos da investigação que foi deslocado para a ilha, cerca de duas centenas de inspetores da Polícia Judiciária e também alguns procuradores e juízes.

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